31.12.08

2000 e nove

escrever sobre a passagem do ano, não é uma coisa que me fascine ao ponto de perder tempo a pensar sobre o assunto e sobre o que vou esgravatar aqui numas linhas. no entanto, poderei tentar! tal como o natal, a passagem de ano não é uma data a que dê muita importância, embora confesse que dou bem mais do que ao nascimento do jesus. é um dia, usando o cliché, como todos os outros. acaba o dia, vem a noite, 5 4 3 2 1 pum pum pum, ano novo, beijos a quem não se conhece - tal como na igreja (sempre me questionei sobre o acto) ai bom ano, gosto muito de ti e de ti e de ti e de ti também, beijos, abraços, passas, umas que caem para o chão, outras para o bucho, a cueca azul (???), o saltar para cair com o pé direito, as lágrimas je ne sais pas pourquois, champomix, sumo de laranja, bolos hiper calóricos e por aí além, num sem fim de sequências normais e repetitivas ao longo dos anos...todos os anos. mas este ano - contam - é diferente. tem mais um segundo. e isto de ter mais um segundo - contam - é factor de mudança. no ano de 2005 - contam - também houve mais um segundo. na altura, lembro-me perfeitamente de ninguém ter dado importância a isso. não ouvi ninguém a contar 1 1 pum pum pum. parece-me estranho. 5 5 4...ok, 1 1 - não! não vejo a importância de tal acrescento..terá, com toda a certeza e se é certeza, é absoluta, mas para mim, não a vejo. o que acho que vai acontecer então, é entrar no ano novo primeiro que a maior parte das pessoas com quem vou ter o prazer de estar, porque elas vão contar o mesmo segundo duas vezes, de certeza...absoluta! eu, vou contar normal e chegarei primeiro que todos! este ano, vou estar por terras lusas. no ano passado, estava em itália. no anterior, em marrocos. há 4 anos, na índia. este ano, em portugal! vamos passar um tempo por cá, não sair muito, poupar dinheiro, descansar, porque daqui a uns meses, vamos estar muito tempo por fora...2009 para 2010 - ainda não sabemos, mas por aí!!!

18.12.08

18.12.2008

hoje sinto-me de ninguém. vagueio numa cidade que não é minha. como se alguma fosse. num dia frio, saiu à rua e encaro-me com pessoas das quais os sorrisos desconheço. é natal, contam. vê-se nas ruas. o espírito de natal, contam. as luzes piscam e não consigo deixar de pensar o que se poderia ajudar com todo o dinheiro que foi gasto. nas luzes. nas prendas. nos jantares. nas festas. nas roupas. o espírito de natal, contam. chego a casa e ouço-a vazia, não fossem os meus cães, que não sabem o que é isto do natal, sentiria também o cheiro a vazio. subo os dois andares e a casa está fria. acendo as luzes. a casa está fria. não aguento estar aqui sozinho - penso - mais vale piscar o olho a sorrisos que desconheço. saimos para a rua e vagueamos. esta cidade não é nossa. nunca foi. a noite acalma. caminho lentamente e observo a vida desta cidade que não é minha. não pertenço a cidade alguma. andei sempre a saltar dum lado para o outro. em busca da não monotonia. em busca de palavras que não conhecesse. sempre. conheço isto e aquilo. este e aquele. mas ninguém em especial. conheço tudo tão vagamente que não sinto minha nenhuma cidade. não sinto meu nenhum conhecido. hoje não me conheço. sinto-me de ninguém. o jantar está feito. tenho filmes para ver. livros. pessoas a quem telefonar a dizer que lhes sinto a falta. que as sinto. que sem ela, esta casa é um vazio imenso. custa-me sorrir mais do que este franzir de tristeza. não luto por nada, hoje. deixo que as coisas aconteçam. que venham. escrevo para não esquecer que hoje sou ninguém. hoje. vai custar-me adormecer, disso tenho a certeza.

o informador

confrontei-me outro dia com uma situação que já vinha a reparar e a analisar há uns anos. não sei se já repararam alguma vez naquelas pessoas que se entregam à arte do bem informar, sejam direcções, sejam pessoas, hotéis, restaurantes...ele há tanta coisa para informar, e ao facto destes, muitas vezes, serem abordados por pessoas estrangeiras. tudo possível, até ao momento em que estes, os informadores, reparam que será complicado comunicar, já que não parlam nada de...estrangeiro, essa língua tão incompreensível. aí, nesse preciso momento, para quem está a assistir de longe, torna-se hilariante! para o que vem perguntar, um embaraço. para quem informa, um desafio! e então o tom de voz começa a aumentar, cada vez mais, até chegar ao grito! é que estas pessoas, são como aquele senhor que viajou até aos estados unidos e, ao entrar num táxi, falando muito lentamente português diz: le ve me à quin ta a ve ni da. pelo que o senhor do táxi responde: es tá com pre ssa? e ele diz: não. mas di ga me. o se nhor fa la por tu guês? e o taxista responde: sim! - ao que o homem responde: en tão pa ra que é que es ta mos aqui a fa lar a me ri ca no? a mesma situação se passa com o informador, qual comando sem pilhas que premimos com força, como se isso mudasse de canal. o informador fala alto, aos berros! apanhei outro dia uma situação destas na rua e o meia idade francês - sim, era francês - teve o azar de questionar um senhor de outra meia idade (sim, porque os de meia idade nunca perguntam a jovens, pois acham que nunca sabem nada) onde era uma pousada onde desejava ficar. o informador, reparando que nada percebia de estrangeiro, começa a falar tão alto, que toda a gente num raio de 100 metros, olhava para os dois. era o homem, a plenos pulmões, a indicar em português, ao meia idade francês, onde ficava o sítio que este queria. o francês nada percebia. o português nada falava. o problema destes senhores, é que rondam a rua em busca de pessoas desinformadas, assim como os engraxa esquinas (um ser que falarei noutro post) e que, quando encontram um, a vítima passa a saber não só onde fica o sítio que perguntou, mas também há quanto tempo este sítio existe, a sua história, quantas vezes é que o informador lá foi com a família, bem como outros espaços que, percebendo a ligação que poderão ter ao sítio questionado, o meia idade informa que, também, será necessário visitar! lindo! no fim, o francês dá meia volta dizendo obrigado, com um esforço enorme, pois só sabe dizer isso e bacalau, além das dificuldades em perceber em que situação deve aplicar qual, mete-se no carro e vai à sua vida, parando, quem sabe, 100 metros mais à frente onde outro meia idade gritará! o informador, esse, limpará o suor, gabar-se-á nos próximos 245 minutos de ter falado estrangeiro e rondará as praças principais, à espera que outra vítima apareça ou então, que um engraxa esquinas o convide para o seu canto! enfim...

12.12.08

isenção de opinião

são 23h13. estou no teatro, mas não estou a fazer absolutamente nada. nada. nada. aliás, entrei hoje às 20h30 e, até agora, não fiz absolutamente nada. nada. nada. se eu trabalhasse realmente com isenção de horário, em que poderia gerir as minhas horas e o meu trabalho, como o meu contrato diz, já me tinha posto na alheta, sim, porque tenho até agora, desde janeiro, cento e muitas horas a mais do que aquelas que deveria realmente dar. e perguntam-me vocês...e quando as vais gozar? e quando é que te pagam essas horas que fizeste a mais? a minha resposta é uma: nunca! não me pagam, nem me dão, porque acham que, trabalhando com isenção de horário, não o têm de fazer. mas esperem aí, então se trabalhasse mesmo com isenção de horário, poderia ir embora e gerir o meu trabalho! não, errado...ou certo...mas errado aqui! a isenção de horário aqui, além de não nos permitir gerir o tempo e o trabalho, obriga-nos a cumprir um horário fixo (leram alguma contradição?) ou então somos descontados no salário, mesmo quando temos cento e tal horas a mais, até agora! de rir. estou agora a discutir, outra vez, isso com uma colega de trabalho. isto não pode ser. vou embora.

8.12.08

duas questõe sobre o inexplicável

hoje deu-me para se me colocar duas questões sobre isto de se ser (eu não) cristão.

uma - nunca compreendi muito bem isto dos 10 mandamentos. haverá alguém que os siga? e se não existir ninguém, quererá isso dizer que não existem cristãos?
1º - adorar a deus e amá-lo sobre todas as coisas (não me venham com histórias, só se lembram dele quando o dinheiro falta ao fim do mês, batem com o carro ou chegam a fátima, depois de 300km a pé, sem terem sido atropelados por nenhum camionista que também ia para fátima, mas com...o diabo!)
2º - não invocar o nome de deus em vão (haveria mil e duas coisas para o exemplificar, mas posso ir pelo mais fácil. oh sim...sim...oh meu deus...hum...sim...ai meu deus...isto é bom de mais...sim sim sim...mais...força...ai meu deus...deeeeeuus...)
3º - santificar os domingos e festas de guarda (sim, são sagradinhos, a ver a bola na talevisão, a comer frangos de churrasco e a beber tintol, e fazer concursos de peidos e arrotos, a dormir dentro do carro frente à praia...sagradinho!)
4º - honrar pai e mãe (os meus, não os dos outros, esses coitados, que os filhos conduzem mal como a merda e tenho que lhes chamar filhos duma grandessíssima pu..., quando fazem o pisca para o lado errado)
5º - não matar (este é, sem dúvida, o que mais admiro nos cristãos. não matar, mas é pessoas, agora o resto sim, pode-se matar tudo. o raio da mosca, o bife de vaca, a pescadinha de rabo na boca, as formigas. mas onde está no mandamento o asterísco no fim, que nunca o consegui ver, que explica depois em nota abaixo que o não matarás, se refere só a pessoas? é só a interpretação que interessa, ou eu nunca percebi...alguém me explique?)
6º - não pecar contra a castidade (castidade, em relação a quê? não será isto um mandamento exigente de mais?)
7º - não roubar (se em alguns lugares aparece o não roubar, noutros aparece - não furtar - será que os cristãos ainda não perceberam, primeiro que tudo, que roubar e furtar, são duas coisas diferentes? uma, o roubo, implica agressão. outra, o furto, decorre de forma pacífica! no entanto, os dois tiram e, sinceramente, se não pegar no facto de todos fazerem pirataria, de já todos terem saído dum café sem pagar, de todos já terem trazido alguma vez coisas da empresa para casa, então admito que, neste mandamento, todos são cristãos aplicados!)
8º - não levantar falso testemunho (não sei o que dizer sobre isto. não percebo o que é isto de levantar falso testemunho, porque nunca vi alguém insinuar algo sobre outro pobre coitado, ou acusá-lo de alguma coisa, mesmo que não o tenha feito. só se este mandamento tiver só mesmo a ver com os atletas de 400 metros estafetas, quando passam o testemunho ao outro e este, em vez dos supostos mais de 50 gramas, pesam 35...malandros)
9º - não desejar a mulher do próximo (ah aha ah...não vou comentar)
10º - não cobiçar as coisas alheias (infelizmente, a educação contra a cobiça e a inveja, não é uma coisa trabalhada pelos pais desde cedo. o que fazem é, na maior parte das vezes, o contrário, muito por culpa do seu exemplo)

duas - como é que o padre victor milícias, sendo um padre franciscano que, como todos sabem, são seguidores de são francisco de assis, defensor dos animais e da natureza, é um apoiante convicto de touradas? será pela mesma razão que levou o bibi a ter trabalhado na casa pia, por gostar muito de crianças?

5.12.08

corpo desumano

o corpo humano é um elemento muito complexo que não imagino quem foi que o pensou, se é que alguém o imaginou, pois de deus não espero nada e da ciência, só ainda me conseguiram provar muito pouco. há, no entanto, neste tão nosso complexo corpo, uma parte que julgo ter sido muito mal pensada. demasiado mal pensado, arrisco dizer. falo dos braços e dos sítios onde estes encaixam. não faz sentido. deveríamos ter, em vez de dois membros ligados, cada um a um extremo do corpo, uma calha, onde, tal e qual um cortinado, os braços deslizassem dum lado ao outro do corpo, pela frente ou por trás, conforme a necessidade de cada um. tentarei explicar com um exemplo muito banal, mas que é o melhor para este caso.

dois seres encontram-se deitados de lado num espaço - cama, chão, sofá, areia - virados frente a frente. um dos braços, fica por cima, o outro, em baixo. imagine-se agora que estes dois seres se decidem abraçar. agora é tudo uma questão de esperteza! o primeiro a levar a iniciativa em frente, passará o braço de baixo por debaixo do pescoço do outro ser, agarrando-o assim num abraço terno! o outro, que foi mais lento, ficará com o braço de cima por cima do ser que o agarrou...mas e o outro braço? onde fica? amigos, para sempre colado ao solo, à areia, à cama! não tem como se movimentar, é ridículo. mexe somente a mão ou, no máximo, a parte do cotovelo para baixo, mais nada. e ficamos ali, impotentes no abraço, porque, como o corpo foi mal pensado, não podemos juntar um braço ao outro, na mesma extremidade e agarrar em dupla força aquele ser que nos abraçou! o corpo humano, chega-se então à conclusão, é mal pensado! reenvente-se!

4.12.08

eduardo prado coelho fez-me escrever

numa mensagem, que já deve ter rodado meio milhão de país e sido reencaminhado para outro milhão, com um orgulho descomunal, um texto de eduardo prado coelho abre-se a nossos olhos. o texto fala, como já devem saber, do que é ser português, basicamente. da chico-espertice. o texto agrada-me, a mim pessoa particular, pois penso exactamente como o senhor, apesar de achar que chego ao fim do dia e, olhando-me ao espelho, não vejo um chico esperto.

acho piada, a máxima, esta mensagem ser-me enviada por as mais diversas pessoas, dos mais diversos pontos do país. ser colocada em sites, blogs, jornais, pelas mais variadas pessoas, nos mais diversos pontos do país. com um orgulho descomunal! como uma mensagem ao outro dizendo: vê lá se pensas e deixas de te armar em chico-esperto. és tu que fazes com que este país esteja uma merda. brincadeira de mau gosto, só pode ser! analiso algumas pessoas que fizeram isso, e reparo que elas mesmas, ou não compreendem o texto, ou acharam que ler ou ter um texto do eduardo prado coelho, era uma coisa deveras intelectual, ou então, são estúpidas e continuam a fomentar o chico-espertismo, qual durão barroso que, depois de ter sido questionado acerca da poluição que o seu jipe topo de gama fazia, quando andava a tentar convencer o povo a poluir menos disse: olha para o que eu digo, não para o que eu faço! lindo, exemplar, pedagógico!

eu próprio, não posso dizer que contribua para este chico-espertismo. não contribuo. se há coisa pela qual me oriento, é pela ética. sempre o fiz, continuo a fazê-lo. a ética faz parte da minha vida. estudo ética. leio sobre ética. penso-a. imagino-a. desejo-a. sou um ser com ética. diz o dicionário que ética, "é aquilo que é bom para o indivíduo e para a sociedade". chego à conclusão então, que de ética, o normal português, tem muito pouco. penso por vezes no egoísmo das pessoas e penso que muitas vezes, viveria talvez muito melhor, se fosse também eu um pouco egoísta. mas não viveria mais feliz! mas eu sou feliz! sou feliz, porque não penso só em mim quando faço alguma coisa. nunca em mim primeiro. como serei eu capaz de comprar uma coisa, sem pensar no que esta compra pode afectar? como poderei eu comer uma coisa, sem pensar no que isto pode causar? como poderei eu decidir uma coisa, sem pensar no que esta decisão pode fazer no outro?

leio neste momento um livro dum autor que é um dos meus gurus: peter singer. intitula-se "um só mundo - a ética da globalização" e fala, como se pode perceber, da globalização. mas o que é isto de um só mundo, o que é isto da globalização? dum livro com 280 páginas, uma frase pode ser retirada: é a preocupação com o outro e ter consciência do efeito borboleta (deixem-me usar um cliché). um abanar de asas duma borboleta em portugal, pode causar um ciclone no japão.

o que não compreendo muitas vezes, são as pessoas que reclamam por tudo e por nada. ou porque têm a mais e não conseguem vender, ou porque têm a menos e não têm o que vender. é reclamarem sem terem consciência do que pedem, sem terem consciência que são, também eles, os causadores de tantos males.

lembro-me há dois anos de uma grande polémica em portugal, quando um grupo de "vândalos" (utilizando a expressão da maior parte das pessoas) entrou num campo cultivado com milho transgénico no algarve e destruiu parte dele. morte aos terroristas, gritava-se. destruiram parte da plantação, meio de sustento do "pobre" agricultor que, mesmo fazendo um cultivo proibido naquela área do país, teve uma grande despesa. a revolta cresceu dentro de mim. as mesmas pessoas que gritavam palavras de ataque a este grupo de pessoas, são as mesmas que, com todo o direito, fazem o mesmo, sem terem consciência disso. se a destruição do milho se tratou de um acto que prejudica o rendimento de outro, o que significa então a pirataria? gravar cd's, dvd's, fotocopiar? não será, também esta, prejudicar o rendimento do outro? ah, claro que não! porque não é nosso, porque não somos nós os artistas, porque não somos nós os actores deste filme, porque senão, seria exactamente a mesma coisa!

as ruas parecem rios quando chove, os esgotos estão todos entupidos. e vejamos, a grande parte das pessoas que o reclama, são os fumadores que, após terminarem de poluir o ar, acham-se no direito de atirar a beata para o chão...entupindo assim os esgotos!

nesta altura de natal, enviam-se centenas de mails com imagens de animais que sofrem, que são maltratados, que são assassinados. as palavras de ordem são sempre as mesmas...se tiver coragem, olhe para estas imagens. mas as pessoas não é que não tenham coragem. as pessoas são é cobardes. como posso eu aceitar um mail destes, sem ter vontade de insultar alguém, enviado por uma pessoa que no natal se senta à mesa de jantar para devorar um grande peru? que oferece fois gras a um amigo? que leva os filhos ao circo no natal? que compra uma mala em pele (será que as pessoas têm consciência que pele é mesmo pele?) de presente? que compra um casaco de vison para ir aquela festa? como posso eu aceitar isto de bom grado? as pessoas não podem ser normais, só assim faz sentido!

como posso eu continuar a consumir carne de animais, quando sei que milhares de florestas tropicais são destruídas para se fazerem campos de cultivo para os alimentar? quando sei que as suas fezes, são o maior culpado do desaparecimento da camada de ozono da atmosfera? quando sei as doenças que todos os produtos que os fazem ingerir, provocam na saúde humana e que, mais tarde, o estado (que naquela altura estará nas mãos doutras pessoas e que mesmo assim, o português reclamará) gastará milhares em saúde, para curar ou tentar curar estas doenças, quando poderia este dinheiro ser gasto em coisas bem mais essenciais, como a formação, a cultura, o desenvolvimento variado?

como posso eu gastar centenas de contos em prendas de natal, em carros, em casas, em férias, em bebidas, em droga, em bens fúteis, sem pensar nos que morrem sem ter com o que sobreviver? como sou capaz? não sou. mas as pessoas que me enviam mails com fotografias de países em guerra, de países com crises de fome, sim, esses são capazes de desperdiçar tudo o que têm, de se enterrar em despesas, para satisfazerem a sua fome consumista.

como posso eu demorar-me 10 minutos num banho de água quente, quando sei que a água é um bem esgotável? não é não posso. é, não devo. sabia-me tão bem, confesso mas...e os outros, os que não têm? as pessoas que o fazem, de certeza que nuca passaram (e acreditem que isto não é nada, em comparação ao que vi) pela necessidade de ter água potável, como eu tive quando estava na índia e ter que fazer quase 3 horas de autocarro para conseguir água que se pudesse beber. mesmo não sendo isto um sacrifício, tive noção do problema com que nos deparamos.

como podem as pessoas, voltando agora atrás, estar contra um grupo de "vândalos" que se entrega para nos defender? para chamar a atenção para problemas que, não fossem eles, não estavam a ser debatidos agora. como é que a comunicação social não diz que muitas regiões no algarve, são agora proibidas ao cultivo de transgénicos? como é que estes não dizem que a maior parte da europa se debate agora contra o seu cultivo? não interessa. não vende. as empresas não pagam para se dar esta notícia. para se fazerem reportagens sobre.

decido-me a parar por aqui, pois é assunto que não tem fim. talvez porque tivesse acordado mal disposto, senti que esta má disposição poderia ser transformada em informção positiva...pelo menos isso. sou um ser com ética e só assim a minha vida faz sentido. doutra maneira, seria um ser banal, como todos, e andaria a criticar o governo e a dizer que portugal é um país de chico espertos...sem olhar para mim próprio. finalizo com a última frase do eduardo prado coelho:

"e você, o que pensa?...medite!"

ode ao não ser

hoje acordei mal disposto, porque ontem adormeci mal disposto. ontem adormeci muito mal disposto. a ausência de pessoas deixam-me mal disposto. a total ausência por desleixo, vontade ou simplesmente por despreocupação, causa-me irritação interna, daquela que não se pode coçar, nem passar pomada. nem o fresco que se fez sentir de manhã, mal me levantei da cama, curou esta minha má disposição, e arrisco dizer que a agravou. a ausência de palavras deixa-me triste. a distância, já não me deixa bem, então a ausência deixa-me de rastos. a ausência de atitude. a ausência de presença. a não presença. a inexistência. o não dizer que se está vivo. que se vive. que se lê. que se ouve. o não estar. o desaparecer por longos momentos. não estou? não estou? não estou? estou mal disposto e vir trabalhar agrava. muito. não querer fazer nada. sentir-me distante. segundo. outro. alternativo. nem o fresco da manhã fez desaparecer esta sensação de vazio. não estou. não sou. não.

3.12.08

a parte mais bonita do meu mundo!

quando olho para ti, não vejo só uma namorada, isso seria igual a nada. quando olho para ti, vejo vida, vejo a pessoa de quem eu mais gosto, por quem mais admiração tenho e com quem quero passar os melhores momentos! tu és uma pessoa linda! olhar para ti, dá prazer! não escondo que me orgulho de todos os olhos que te observam a qualquer lado que vás. seria estúpido pensar que não chamas a atenção, que não comentam sobre ti, que não desejem olhar-te mais uma vez e outra vez mais! seria irreal da minha parte pensar, que uma pessoa tão bonita, passasse despercebida. a forma como te vestes, como sorris, como falas, como atrais as pessoas para ti, as tuas gaffes, a tua naturalidade, é uma coisa nata e que não deves mudar. sabe bem estar ao teu lado! sentir-te perto! ter-te ali quando é preciso! enche-me de coisas boas! enche as pessoas de risos, de simpatia, de descontração, de prazer! serias uma pessoa fútil e desinteressante, se o teu objectivo fosse ter mais, possuir mais, querer mais. tudo só para ti. se fizesses por isso. mas conheço-te tão bem, que sei que nunca foi esse a tua intenção. a maneira como cativas as pessoas, é natural, não precisas de fazer por isso. não precisas de seduzir, de provocar, de te deixar levar. não precisas de competir. a competição serve só para aqueles que desconhecem as suas capacidades e eu sei que tu te conheces bem demais e sabes muito bem quais são as tuas! não deixes de ser como és! linda! não vivas de coisas efémeras, de momentos, de pessoas aqui e ali, de ideias da moda, de pensamentos repentinos. vive de ideais, de pessoas verdadeiras, de vidas eternas, de amizades sentidas, de olhares permanentes, do meu amor! vive contigo, orgulha-te de ti, sente-te, inveja-te a ti mesma, seduz-te, provoca-te, ama-te! sê narcisista, porque tens tudo para o poder ser!

o que te posso dar, é um pouco da minha vida. o pouco que quiseres aproveitar. se isso te servir, guarda-o em ti! não vou deixar nunca de te querer mais, de lutar por ti, de te desejar mais e mais! porque sei que és sincera e verdadeira e conheço-te o carinho, a amizade, a admiração e o amor que me sentes. e acredita, não o vou desperdiçar!

o mundo gira à tua volta? é natural! és linda!!!

amo-te, meu amor!


falta gravíssima

dei por mim, há dias, a escrever uma mensagem de telemóvel à minha namorada quando, surpreendentemente - e porque utilizo a escrita inteligente e escrevo em português, não utilizando portanto os k's, os x's, etc - reparo que a palavra que queria escrever, não existia no dicionário do telemóvel. fui mudando, mudando até encontrar a palavra pretendida que, no meu entender, deveria ser logo a primeira. ok, dei uma oportunidade ao telemóvel, deixaria que fosse a 2ª ou a 3ª...tudo bem, sem problemas. no entanto e após ter clicado várias vezes, apareceu uma palavra a dizer letras, o que quer dizer que tenho de a escrever para a introduzir no dicionário porque, claro está, esta não foi lá inserida aquando do seu fabrico. amigos, é incompreensível que um telemóvel de marca filandesa, à venda no mercado português, tenha palavras como net, change, e-mail, mas não tenha essa palavra tão portuguesa que é....sumol! arreliado, fora de mim, admirado, dei por mim a escrever sumol, letra a letra. um pensamento surgiu-me. trocar de telemóvel, ou melhor, de marca de telemóvel. atirá-lo contra a parede. deixá-lo ali mesmo com um post-it amarelo em cima a dizer: abandonado porque não possui a palavra sumol no dicionário! gostaria de pensar que ninguém lhe pegaria, que o deixariam ali, para sempre, à chuva, até que um qualquer estrangeiro ali passasse e, não compreendendo o que estava escrito, ou compreendendo, mas achando que sumol não faria assim tanta falta nas suas mensagens, o levasse para longe. a ele e a todos aqueles telemóveis que não tivessem a palavra dentro deles. essa palavra tão portuguesa. tão rara. tão representativa de um povo! sumol, unidos pelo sabor!

aviso

todas as fotografias aqui editadas são da minha autoria. nenhuma destas imagens poderá ser utilizada sem o meu consentimento prévio.

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