31.1.09

outro dia igual ao outro

um sol envergonhado acordou-me e tenho a sensação que vem aí uma tempestade. saio da cama e deixo-a aberta, na esperança de mais alguém sair de lá. não desligo o esquentador. alguém se seguirá. compro pão a mais. faço o almoço em demasia, mas sento-me à mesa sozinho. assim como me sentarei hoje ao jantar. tenho o frigorífico cheio de coisas e muitas, sei-o, estragar-se-ão sem alguém que as coma. ouço a banda sonora do filme gadjo dilo e sinto-me estranho. decidi estar sozinho hoje. não quero que alguém se meta dentro de mim. mas tenho sempre a esperança que ouvirei bater à porta e trarei para dentro de casa, outra casa igual! não estou triste. apenas um pouco incomodado com os dias. com estes dias. alguém virá?

30.1.09

a perfect day

acordei às 9h20, quando pensava que tinha posto o despertador para exactamente uma hora atrás. o dia estava cinzento, desbutado que continuou até a luz desaparecer e os candeeiros ficarem amarelos. choveu até ao teatro. entrei tarde. na primeira coisa que fiz, dei com a parte de cima da cabeça na parte de cima duma entrada e ainda estou com dores de cabeça, além do alto enorme, claro. apanhei chuva até casa no almoço e chuva de regresso ao emprego. entreguei a carta de rescisão de contrato. faltava gente no palco para tudo o que era preciso. fazer óperas, é das piores coisas que existe. e chatas. a hora de sair era às 19, mas ficou adiada para as 21. apanhei chuva até ao carro, estacionado à porta de casa. fui comprar tofu, seitan, frutas e legumes. a minha alimentação, basicamente. gastei dinheiro. de volta a casa, o espaço do meu carro, tinha outra viatura. dei voltas e voltas. tinha a parte de baixo das calças e os ténis molhados. dei a volta com os meus cães à chuva. fui ver se as gatas da minha vizinha estavam bem. voltei a casa. pus os lençois da casa da tanya em beja a secar. a secar? comecei a fazer o jantar às 22. não estive com os meus convidados, um pai e filha belgas que estão cá em casa, porque já estavam a dormir. jantei. lá fora chove. nota-se o cinzento, apesar de escondido. aqueço o quarto. visto o pijama. os meus cães olham-me e acusam-me de ter passado pouco tempo com eles, hoje. a tanya está a jantar com uns amigos e há 3 horas e tal que não me diz nada. que bebida forte, que jogo viciante, que jantar divertido, que filme interessante, que serão importante estarão a ter para não me ligar nada? logo hoje, que o dia correu tão bem!

28.1.09

dia de aprendizagem

hoje, dia 28 de janeiro de 2008, foi dia de aprender. de deixar de ser ignorante num assunto mais. o facto da tanya ter vindo viver para beja, criou uma dúvida dentro de mim. a princípio um pouco em choque, aos poucos e depois de me ter dito - pesquisa - uma segunda vez, dei por mim a ler e reler sites na internet, vídeos e tentar ler mais sobre o assunto. chego a uma conclusão e é uma das razões porque prefiro não ter televisão em casa. já tinha chegado a essa ela há algum tempo, muito mesmo, mas isto só vem dar-lhe peso. os meios de comunicação deformam-nos a cabeça. fazem-nos acreditar no que eles querem e tiram-nos as opiniões possíveis. tiram-nos aquilo que de melhor temos, a liberdade para procurar saber mais, porque fazem-nos crer que tudo está ali, transparente. não está. e se já tinha chegado a essa conclusão quando falam dos vegetarianos, defensores do meio ambiente e dos direitos dos animais e sociais, fazendo-nos passar por vândalos. se já tinha chegado a essa conclusão, quando vejo desfiles de orgulho gay, em que no meio de milhares de pessoas ditas normais (gays homens ou mulheres, travestis, transexuais e apoiantes da causa) a única coisa que a televisão mostra, é aquela dúzia de bichas loucas que são, para o comum mortal, a imagem deste movimento. se já tinha chegado a essa conclusão quando falam de ataques de cães ditos perigosos a pessoas, e nunca pesquisam e mostram o porquê desses cães serem assim. então esta última é, também ela, escandalosa. senti-me enganado durante anos e não espero com este post repôr a verdade, mas sim tentar abrir a curiosidade e depois, cada um tirará as suas conclusões. como eu fiz. e esta é o assunto que me traz aqui hoje e a que dei o nome de: dia de aprendizagem!

o movimento skinhead é, para a maior parte do comum mortal, como eu (até há uns dias atrás) um movimento violento, que assenta os seus ideais em causas racistas, xenófobas e fascistas. no entanto, depois de alguma pesquisa, cheguei à conclusão que este movimento é tudo, menos racista, xenófobo, violento e fascista! depois de muito ler, como já tinha dito atrás, dei comigo sentado a ver um documentário que se dá pelo nome de "
skinhead attitude" realizado por daniel schweizer. neste filme, a certa altura o vocalista de uma banda diz: "se és racista, então não podes ser skinhead, porque os skinheads nunca existiriam, sem a jamaica". e é esta a frase que muda tudo. este movimento nasceu nos anos 60 em inglaterra, com base na música reggae e ska. este sim, é o verdadeiro skinhead! o skinhead que os meios de comunicação passam, é um movimento que nasce em meados dos anos 70 com causas racistas, sobretudo anti-paquistanesa, assentes na música punk e que se alastrou pelo mundo, estragando assim a imagem tradicional do movimento original. com este aparecimento, surge também a violência dos falsos skinheads contra o movimento original que, com base na música ska e reggae possui, claro está, skinheads de raça negra. surgem então grupos de defesa dos skinheads anti-racistas e anti-fascistas, como é o caso da sharp. é interessante ver, como aliás em diversos outros assuntos, a diferença de atitude entre o "falso" e o "verdadeiro". entre o que é "puro" e o que é "arraçado".

o que espero com isto, não é mudar a cabeça das pessoas, mas sim combater preconceitos. lutar contra a falta de interesse e a rendição completa aos meios de comunicação. porque ser ignorante, não é mau. o que é mau, é ser-se ignorante e não querer aprender. depois deste dia, o de aprendizagem, sinto-me mais...melhor...bom! diferente, enfim.

27.1.09

acho que sim

ando nisto há anos, neste pensamento. nesta ideia de liberdade. nesta discussão interna. a discussão do acho. não são duas nem três vezes por dia, que ouço alguém dizer: (tem sempre que começar por um ai) ai, eu acho que...eu acho que aquele...eu acho que deveria...eu acho... - e eu questiono-me. o que é isto do eu acho? nada é feito, sem que alguém ache alguma coisa. o ser humano não é capaz de acatar, por si só. tem de achar. tem sempre de dar a sua opinião. sempre. nada está como deveria estar. nada é como deveria ser. ai, eu acho que não está bem. ai, eu acho que ele deveria mudar. olhem, eu acho que as pessoas só acham, porque não têm que pagar. senão, não achavam merda nenhuma! se quando a boca abrisse para pronunciar um "ai, eu acho", um cobrador de opiniões estivesse presente e dissesse: para achar sobre isso, tem que pagar 2 euros. 2 euros? deixe estar, está perfeito! e outro, quase ao mesmo tempo: "ai, acho que..." - vai achar sobre quê? - sobre a vida. ai sim? mas achar sobre a vida, é uma coisa que, além de vaga, é cara. só para achar sobre isso, tem de pagar, no mínimo 7,5€! essa quantia para achar sobre a vida? deixe, acho que a vida é linda! e assim, caros seguidores, tudo seria mais perfeito, mais optimista! eu que escrevo e acho, porque ainda não tenho de pagar, acho que o mundo seria muito melhor se ninguém achasse nada! tudo estaria sempre bem! não haveria cá tretas de pessoal a dar para trás. é que o maior problema, nem é o achar, é o ai, que se continua a insistir em colocar antes de qualquer opinião. se abandonássemos essa tão longa tradição portuguesa de colocar ais por trás de tudo, acreditem, seriamos bem mais felizes! eu acho que sim!

26.1.09

o medo

estou em beja. sentado na cama. o aquecedor a óleo aquece o pouco espaço que há. tenho os pés frios. decidi arrumar o quarto à tanya, que é uma menina muito prendada, mas às vezes falta-lhe jeito para decoração! os livros que tinha sobre a cómoda, coloquei-os ao alto. os livros querem-se erguidos, não deitados. um livro deitado, é um livro que não interessa, um livro morto. um paulo coelho ou uma margarida rebelo pinto, é um tipo de livro que, a ter, deve estar deitado. agora livros de peter singer ou gonçalo m. tavares, são livros que têm que estar levantados do chão! quando colocava os livros, no entanto, dei por mim com "o medo" de al berto. um livro que, mais do que estar levantado, erguido, mais do que grande e forte, é um livro único e por isso, tem de estar destacado. e foi neste destaque que lhe quis dar, que o problema surgiu. destacá-lo, é colocá-lo com as páginas viradas contra a parede e a capa virada para fora. acontece que destacando-o desta maneira, ele servirá para segurar os outros livros, para que estes não caiam, já que além de tudo o que este livro é, tem também muitas páginas. al berto a segurar os outros, não era al berto único, como só ele deve ser. al berto a segurar os outros, é um livro que não deixa cair. colocá-lo, porém, por cima dos que estão na horizontal, é atribuir-lhe um espaço que só os desinteressantes merecem. fico bloqueado por momentos. não é desespero, mas preocupação. estas coisas que, para grande parte das pessoas são questões sem importância, levam-me tempo a decidir. ponderação. nunca colocaria um livro numa casa de banho. na cozinha, só os que lhe são dedicados. perto do quarto, peças de teatro e pequenas histórias. na sala, dum lado arte, do outro romance, nunca os dois juntos. na entrada, coisas ligadas à fotografia. no quarto dos convidados, os livros de viagens, porque é neste quarto que vejo chegar e vejo partir pessoas de todo o mundo. mas al berto, no quarto da tanya, onde podera repousar? sozinho, talvez. sozinho como sempre esteve. isolado. dentro do seu próprio mundo. marginal. é lá que vai ficar, onde terá todo o destaque que acho que merece. onde o possamos olhar e admirar. ali!

18.1.09

no life at all

domingo. este sim, tem nome de domingo. o quase verdadeiro. quase, porque não fiquei com o pijama vestido, pois tive de dar a volta com os cães. como me levantei do nhonhó, e saí à rua, tive obrigatoriamente de tomar banho, o que vem impossibilitar o verdadeiro domingo. não conzinhei! tomei um pequeno almoço às 15h30, o que me agradou! não vi televisão, claro, recuso-me a fazê-lo em casa há pelo menos 8 anos. ela está lá, mas sem a antena. só o dvd. como diz o iggy pop na banda sonora de arizona dream "tv screen makes you feel small. no life at all". arrumei algumas tralhas que estavam por aqui perdidas, que também faz parte, mas não aspirei a casa, limpei o pó ou dobrei meias. liguei o aquecedor a gás. acabou o gás. tirei a botija do esquentador e troquei. quentinho. domingo quentinho! uso a sala. raramente o faço. adoro cozinhas! peguei no computador e falei com a tanya. adorei "falar" com ela! ouço a chuva a cair lá fora e só o facto do sporting jogar e dar na televisão (não tenho antena) e não querer que os meus cães se urinem contra as paredes, me pode fazer sair de casa. vai estar frio lá fora. está. daqui a nada vou jantar. cozinhar! coisa que adoro fazer e faz parte, claro está, do domingo! depois tenho de tomar uma grande decisão: ou vou ao cineclube à pala ver um filme dos irmãos cohen, ou vou para a cama às nove da noite, ler e estarrecer, à espera que as costas me comecem a doer de tanto tempo deitado. dormir doze horas e acordar remelado. abrir a boca, sentir um bafo no ar, misto de frio e mau hálito e pensar...hoje só trabalho à tarde! virar-me para o outro lado e pensar que quero que continue a ser domingo!

acordar tarde! aquecedor! futebol! estarrecer! - não me sentia domingueiro há já muito tempo! e não adoro, mas hoje é domingo e, claro está, não há nada para fazer.

16.1.09

15 de janeiro

um dia normal.

deitei-me tarde e a más horas (adoro a expressão, embora não compreenda o que são más horas). dormi pouco e mal. acordei tarde. muito tarde. cheguei duas horas atrasado ao teatro, coisa que nunca havia acontecido. foi descontado (será?) uma hora e meia de trabalho do meu ordenado. fui a pé, quando geralmente utilizo a bicicleta. depois de tantos dias de sol e neve, frio e vento, choveu. detesto chuva. estavam cinzentas, as pessoas. o céu sem cor estava cinzento. não tomei o pequeno almoço. comi um doce dos açores pelo caminho, com manteiga de soja. fiz a tabela de fevereiro. estava frio no palco. está sempre. almocei fora. discuti o horário semanal. comi bolo porque alguém fazia anos. não bebi champanhe. destesto. despedi-me do emprego. falei com pessoas sobre isso, porque como humano, sinto sempre uma necessidade imensa de me justificar seja a quem for, seja que decisão. era noite quando saí. tem sido sempre noite nestes últimos tempos, quando saio. frio. outra conversa séria me esperava. esta bem mais séria. fiquei triste, sem saber o que fazer, o que dizer. voltei a casa tarde. triste. peguei nos meus filhotes e atirei-me à rua fria, onde caminhei até conseguir enviar um total de vinte e três mensagens para a mesma pessoa. triste. de volta ao meu lar, cozinhei. era tarde. frio. triste. jantei. li mails. respondi a mensagens. escrevi mensagens. respondi. enviei. respondi. li. enviei. respondi. triste. volto à rua. preciso de frio. de escuro. o céu já não tem cor. a minha namorada pintou os olhos - contou-me. dir-se-ia que vai sair. já viu o mesmo espectáculo 3 vezes e não se cansa. no entanto acredito que desta vez, foi a que menos lhe custou. quem espera... deito-me com a sensação de não ter cumprido a minha missão diária. pensar em mim. espero adormecer rápido. calmo. ouço a banda sonora do filme exils. espero esquecer que o dia de hoje, foi.

salvo raras excepções, foi um dia normal!

6.1.09

eis-me em películas

breaking the waves - lars von trier; dogville - lars von trier; la grande bouffe - marco ferreri; the others - alejandro aménabar; in the mood for love - wong kar-wai; gadjo dilo - tony gatlif; exils - tony gatlif; lost in translation - sofia coppola; brutti, sporchi e cattivi - ettore scola; underground - emir kusturika; head on - fatih akin; before sunrise - richard linklater; before sunset - richard linklater; big fish - tim burton; paris, texas - wim wenders; blanc - Krzysztof Kieslowski

eis-me em filmes! acrescento à medida do que a minha memória permite! estes, por enquanto.

eis-me em sons

serge gainsbourg, múm, susanna and the magical orchestra, jane birkin, the divine comedy, au revoir simone, joan as a police woman, micah p. hinson, olivia ruiz, wax taylor, três tristes tigres, antony and the jonhsons, jay-jay johanson, lhasa de sela, camille, ms john soda, feist, beirut, dani siciliano, tom waits, emiliana torrini, jeanne cherhal

eis-me em música. o que faltar aqui, só a razão de não me lembrar o pode justificar. mais nada admito. eis-me aqui. nudez musical. eis-me!

5.1.09

dilatações cerebrais

ando com um vazio oco que não me deixa raciocinar. oco...co...co...co...não sei se é ressonância ou eco...co...co...co...sei é que não me deixa raciocinar. vou de casa para o trabalho. do trabalho para casa. volta com os cães. faço sopa. tens de comer nabo, abóbora e chuchu...chu...chu...chu. faz bem à saude e como és vegetariano, complementa umas cenas quaisquer que não te vais lembrar daqui a 10 minutos, mas fixam-se lá, onde são mais precisas. teclo um bocado. está um frio de rachar. a minha casa está rachada pelo frio. e racha-me...me...me...me. como sopa. chuchu! tiro pêlos do chuchu da boca, porque não o depilei antes de entrar na panela. detesto pêlos, ainda mais no chuchu. são pêlos verdes. a minha cadela olha para mim com um olhar que me dá a impressão que foi separada à nascença da irmã lúcia, so lhe faltando mesmo os óculos. mete dó. o cão não, é homem, não me olha com olhos de joaquim, preferindo no entanto deitar-se frente ao aquecedor de 400w que faço questão de ligar, convencendo-me a cada vez que o ligo, de que a cozinha fica mais quente. não utilizo a sala. quando tiver uma casa - adoro dizer isto, faz-me crer que vou crescer - faço duas cozinhas. imagino o que estará neste momento a fazer a tanya a 550km de distância..ância...ância...ância. arrumo a cozinha - dir-me-ia se falasse comigo - ou arrumo os chás, o esparguete e os arrozes - talvez. olho para uma laranja e apetece-me comê-la, mas a única coisa que faço é coçar o nariz e lembrar-me que amanhã vou dar a volta com os cães, vai estar um frio de rachar e logo depois e durante o frio ainda, vou trabalhar. o telemóvel acabou de carregar. um apito ouviu-se...se...se...se. é ele, o telemóvel carregado. estivesse eu nas canárias, andaria de calções. como invejo o saramago. a tostar, o saramago. a escrever, o saramago. a ser traduzido, o saramago. a ir-se, o saramago. nas canárias também se morre, mesmo que de calções. o saramago! laranjas. saramago. trabalho. casa. cães. sopa. as cortinas da cozinha que ainda não foram penduradas. estou ansioso por me ir embora. assim já não tenho que arrumar a casa. nem esta me vai rachar. e ainda por cima, talvez veja o saramago. de calções. calor. a máquina que voa...voa...voa...voa...

aviso

todas as fotografias aqui editadas são da minha autoria. nenhuma destas imagens poderá ser utilizada sem o meu consentimento prévio.

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