15.3.10

alguém virá

agora é que são elas. diz-se o que se diz, pensa-se o que se pensa, critica-se e sente-se a culpa, sempre a culpa e sempre do nosso lado. porque dizes? porque pensas? porque fazes? porque é que és assim e desta maneira e pensaste assim...pensei eu. fala-se sem conversar, escreve-se sem olhar, diz-se sem comunicar. as costas viradas. os olhares no monitor que lê o que não se disse e pensa no que não se falou. já não há gestos, há toques. já não há sorrisos, há tremores. já não há olhares, há infinitos. as coisas estão longe de ser. não são. acorda-se e faz-se o ontem. adormece-se e repete-se o ontem. ontem, ontem, ontem. já nada se prevê. nada age. come-se. mais, nem isso. os actos são os normais, no normal dos dias. não chega ninguém com novas conversas. ninguém traz notícias de fora e espreitando pela janela, a vista é a mesma. dum lado, a praça. do outro os carros que passam. por cima, o sol que espreita pela manhã e que raramente entra no quarto, sempre fechado, porque só à tarde se abre para o exterior. enfim, sós. uns dias melhores que outros. dias comuns. lugares comuns. pensares comuns. nada vem de fora. nada se absorve de novo. serão os outros precisos? o prazer dos outros. o gosto dos outros. o silêncio dos outros. o querer e o desejo dos outros. vir. partir. vir. partir. são? é? porque é que és assim? porque pensas? porque sentes? porque dizes? porque não te calas e me deixas em silêncio? porquê tanto? porquê? porquê? canso-me de escrever para conseguir dizer. amanhã será como ontem. lugar. pensar. dia. comum. igual. alguém virá.

aviso

todas as fotografias aqui editadas são da minha autoria. nenhuma destas imagens poderá ser utilizada sem o meu consentimento prévio.

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