31.12.08

2000 e nove

escrever sobre a passagem do ano, não é uma coisa que me fascine ao ponto de perder tempo a pensar sobre o assunto e sobre o que vou esgravatar aqui numas linhas. no entanto, poderei tentar! tal como o natal, a passagem de ano não é uma data a que dê muita importância, embora confesse que dou bem mais do que ao nascimento do jesus. é um dia, usando o cliché, como todos os outros. acaba o dia, vem a noite, 5 4 3 2 1 pum pum pum, ano novo, beijos a quem não se conhece - tal como na igreja (sempre me questionei sobre o acto) ai bom ano, gosto muito de ti e de ti e de ti e de ti também, beijos, abraços, passas, umas que caem para o chão, outras para o bucho, a cueca azul (???), o saltar para cair com o pé direito, as lágrimas je ne sais pas pourquois, champomix, sumo de laranja, bolos hiper calóricos e por aí além, num sem fim de sequências normais e repetitivas ao longo dos anos...todos os anos. mas este ano - contam - é diferente. tem mais um segundo. e isto de ter mais um segundo - contam - é factor de mudança. no ano de 2005 - contam - também houve mais um segundo. na altura, lembro-me perfeitamente de ninguém ter dado importância a isso. não ouvi ninguém a contar 1 1 pum pum pum. parece-me estranho. 5 5 4...ok, 1 1 - não! não vejo a importância de tal acrescento..terá, com toda a certeza e se é certeza, é absoluta, mas para mim, não a vejo. o que acho que vai acontecer então, é entrar no ano novo primeiro que a maior parte das pessoas com quem vou ter o prazer de estar, porque elas vão contar o mesmo segundo duas vezes, de certeza...absoluta! eu, vou contar normal e chegarei primeiro que todos! este ano, vou estar por terras lusas. no ano passado, estava em itália. no anterior, em marrocos. há 4 anos, na índia. este ano, em portugal! vamos passar um tempo por cá, não sair muito, poupar dinheiro, descansar, porque daqui a uns meses, vamos estar muito tempo por fora...2009 para 2010 - ainda não sabemos, mas por aí!!!

18.12.08

18.12.2008

hoje sinto-me de ninguém. vagueio numa cidade que não é minha. como se alguma fosse. num dia frio, saiu à rua e encaro-me com pessoas das quais os sorrisos desconheço. é natal, contam. vê-se nas ruas. o espírito de natal, contam. as luzes piscam e não consigo deixar de pensar o que se poderia ajudar com todo o dinheiro que foi gasto. nas luzes. nas prendas. nos jantares. nas festas. nas roupas. o espírito de natal, contam. chego a casa e ouço-a vazia, não fossem os meus cães, que não sabem o que é isto do natal, sentiria também o cheiro a vazio. subo os dois andares e a casa está fria. acendo as luzes. a casa está fria. não aguento estar aqui sozinho - penso - mais vale piscar o olho a sorrisos que desconheço. saimos para a rua e vagueamos. esta cidade não é nossa. nunca foi. a noite acalma. caminho lentamente e observo a vida desta cidade que não é minha. não pertenço a cidade alguma. andei sempre a saltar dum lado para o outro. em busca da não monotonia. em busca de palavras que não conhecesse. sempre. conheço isto e aquilo. este e aquele. mas ninguém em especial. conheço tudo tão vagamente que não sinto minha nenhuma cidade. não sinto meu nenhum conhecido. hoje não me conheço. sinto-me de ninguém. o jantar está feito. tenho filmes para ver. livros. pessoas a quem telefonar a dizer que lhes sinto a falta. que as sinto. que sem ela, esta casa é um vazio imenso. custa-me sorrir mais do que este franzir de tristeza. não luto por nada, hoje. deixo que as coisas aconteçam. que venham. escrevo para não esquecer que hoje sou ninguém. hoje. vai custar-me adormecer, disso tenho a certeza.

o informador

confrontei-me outro dia com uma situação que já vinha a reparar e a analisar há uns anos. não sei se já repararam alguma vez naquelas pessoas que se entregam à arte do bem informar, sejam direcções, sejam pessoas, hotéis, restaurantes...ele há tanta coisa para informar, e ao facto destes, muitas vezes, serem abordados por pessoas estrangeiras. tudo possível, até ao momento em que estes, os informadores, reparam que será complicado comunicar, já que não parlam nada de...estrangeiro, essa língua tão incompreensível. aí, nesse preciso momento, para quem está a assistir de longe, torna-se hilariante! para o que vem perguntar, um embaraço. para quem informa, um desafio! e então o tom de voz começa a aumentar, cada vez mais, até chegar ao grito! é que estas pessoas, são como aquele senhor que viajou até aos estados unidos e, ao entrar num táxi, falando muito lentamente português diz: le ve me à quin ta a ve ni da. pelo que o senhor do táxi responde: es tá com pre ssa? e ele diz: não. mas di ga me. o se nhor fa la por tu guês? e o taxista responde: sim! - ao que o homem responde: en tão pa ra que é que es ta mos aqui a fa lar a me ri ca no? a mesma situação se passa com o informador, qual comando sem pilhas que premimos com força, como se isso mudasse de canal. o informador fala alto, aos berros! apanhei outro dia uma situação destas na rua e o meia idade francês - sim, era francês - teve o azar de questionar um senhor de outra meia idade (sim, porque os de meia idade nunca perguntam a jovens, pois acham que nunca sabem nada) onde era uma pousada onde desejava ficar. o informador, reparando que nada percebia de estrangeiro, começa a falar tão alto, que toda a gente num raio de 100 metros, olhava para os dois. era o homem, a plenos pulmões, a indicar em português, ao meia idade francês, onde ficava o sítio que este queria. o francês nada percebia. o português nada falava. o problema destes senhores, é que rondam a rua em busca de pessoas desinformadas, assim como os engraxa esquinas (um ser que falarei noutro post) e que, quando encontram um, a vítima passa a saber não só onde fica o sítio que perguntou, mas também há quanto tempo este sítio existe, a sua história, quantas vezes é que o informador lá foi com a família, bem como outros espaços que, percebendo a ligação que poderão ter ao sítio questionado, o meia idade informa que, também, será necessário visitar! lindo! no fim, o francês dá meia volta dizendo obrigado, com um esforço enorme, pois só sabe dizer isso e bacalau, além das dificuldades em perceber em que situação deve aplicar qual, mete-se no carro e vai à sua vida, parando, quem sabe, 100 metros mais à frente onde outro meia idade gritará! o informador, esse, limpará o suor, gabar-se-á nos próximos 245 minutos de ter falado estrangeiro e rondará as praças principais, à espera que outra vítima apareça ou então, que um engraxa esquinas o convide para o seu canto! enfim...

12.12.08

isenção de opinião

são 23h13. estou no teatro, mas não estou a fazer absolutamente nada. nada. nada. aliás, entrei hoje às 20h30 e, até agora, não fiz absolutamente nada. nada. nada. se eu trabalhasse realmente com isenção de horário, em que poderia gerir as minhas horas e o meu trabalho, como o meu contrato diz, já me tinha posto na alheta, sim, porque tenho até agora, desde janeiro, cento e muitas horas a mais do que aquelas que deveria realmente dar. e perguntam-me vocês...e quando as vais gozar? e quando é que te pagam essas horas que fizeste a mais? a minha resposta é uma: nunca! não me pagam, nem me dão, porque acham que, trabalhando com isenção de horário, não o têm de fazer. mas esperem aí, então se trabalhasse mesmo com isenção de horário, poderia ir embora e gerir o meu trabalho! não, errado...ou certo...mas errado aqui! a isenção de horário aqui, além de não nos permitir gerir o tempo e o trabalho, obriga-nos a cumprir um horário fixo (leram alguma contradição?) ou então somos descontados no salário, mesmo quando temos cento e tal horas a mais, até agora! de rir. estou agora a discutir, outra vez, isso com uma colega de trabalho. isto não pode ser. vou embora.

8.12.08

duas questõe sobre o inexplicável

hoje deu-me para se me colocar duas questões sobre isto de se ser (eu não) cristão.

uma - nunca compreendi muito bem isto dos 10 mandamentos. haverá alguém que os siga? e se não existir ninguém, quererá isso dizer que não existem cristãos?
1º - adorar a deus e amá-lo sobre todas as coisas (não me venham com histórias, só se lembram dele quando o dinheiro falta ao fim do mês, batem com o carro ou chegam a fátima, depois de 300km a pé, sem terem sido atropelados por nenhum camionista que também ia para fátima, mas com...o diabo!)
2º - não invocar o nome de deus em vão (haveria mil e duas coisas para o exemplificar, mas posso ir pelo mais fácil. oh sim...sim...oh meu deus...hum...sim...ai meu deus...isto é bom de mais...sim sim sim...mais...força...ai meu deus...deeeeeuus...)
3º - santificar os domingos e festas de guarda (sim, são sagradinhos, a ver a bola na talevisão, a comer frangos de churrasco e a beber tintol, e fazer concursos de peidos e arrotos, a dormir dentro do carro frente à praia...sagradinho!)
4º - honrar pai e mãe (os meus, não os dos outros, esses coitados, que os filhos conduzem mal como a merda e tenho que lhes chamar filhos duma grandessíssima pu..., quando fazem o pisca para o lado errado)
5º - não matar (este é, sem dúvida, o que mais admiro nos cristãos. não matar, mas é pessoas, agora o resto sim, pode-se matar tudo. o raio da mosca, o bife de vaca, a pescadinha de rabo na boca, as formigas. mas onde está no mandamento o asterísco no fim, que nunca o consegui ver, que explica depois em nota abaixo que o não matarás, se refere só a pessoas? é só a interpretação que interessa, ou eu nunca percebi...alguém me explique?)
6º - não pecar contra a castidade (castidade, em relação a quê? não será isto um mandamento exigente de mais?)
7º - não roubar (se em alguns lugares aparece o não roubar, noutros aparece - não furtar - será que os cristãos ainda não perceberam, primeiro que tudo, que roubar e furtar, são duas coisas diferentes? uma, o roubo, implica agressão. outra, o furto, decorre de forma pacífica! no entanto, os dois tiram e, sinceramente, se não pegar no facto de todos fazerem pirataria, de já todos terem saído dum café sem pagar, de todos já terem trazido alguma vez coisas da empresa para casa, então admito que, neste mandamento, todos são cristãos aplicados!)
8º - não levantar falso testemunho (não sei o que dizer sobre isto. não percebo o que é isto de levantar falso testemunho, porque nunca vi alguém insinuar algo sobre outro pobre coitado, ou acusá-lo de alguma coisa, mesmo que não o tenha feito. só se este mandamento tiver só mesmo a ver com os atletas de 400 metros estafetas, quando passam o testemunho ao outro e este, em vez dos supostos mais de 50 gramas, pesam 35...malandros)
9º - não desejar a mulher do próximo (ah aha ah...não vou comentar)
10º - não cobiçar as coisas alheias (infelizmente, a educação contra a cobiça e a inveja, não é uma coisa trabalhada pelos pais desde cedo. o que fazem é, na maior parte das vezes, o contrário, muito por culpa do seu exemplo)

duas - como é que o padre victor milícias, sendo um padre franciscano que, como todos sabem, são seguidores de são francisco de assis, defensor dos animais e da natureza, é um apoiante convicto de touradas? será pela mesma razão que levou o bibi a ter trabalhado na casa pia, por gostar muito de crianças?

5.12.08

corpo desumano

o corpo humano é um elemento muito complexo que não imagino quem foi que o pensou, se é que alguém o imaginou, pois de deus não espero nada e da ciência, só ainda me conseguiram provar muito pouco. há, no entanto, neste tão nosso complexo corpo, uma parte que julgo ter sido muito mal pensada. demasiado mal pensado, arrisco dizer. falo dos braços e dos sítios onde estes encaixam. não faz sentido. deveríamos ter, em vez de dois membros ligados, cada um a um extremo do corpo, uma calha, onde, tal e qual um cortinado, os braços deslizassem dum lado ao outro do corpo, pela frente ou por trás, conforme a necessidade de cada um. tentarei explicar com um exemplo muito banal, mas que é o melhor para este caso.

dois seres encontram-se deitados de lado num espaço - cama, chão, sofá, areia - virados frente a frente. um dos braços, fica por cima, o outro, em baixo. imagine-se agora que estes dois seres se decidem abraçar. agora é tudo uma questão de esperteza! o primeiro a levar a iniciativa em frente, passará o braço de baixo por debaixo do pescoço do outro ser, agarrando-o assim num abraço terno! o outro, que foi mais lento, ficará com o braço de cima por cima do ser que o agarrou...mas e o outro braço? onde fica? amigos, para sempre colado ao solo, à areia, à cama! não tem como se movimentar, é ridículo. mexe somente a mão ou, no máximo, a parte do cotovelo para baixo, mais nada. e ficamos ali, impotentes no abraço, porque, como o corpo foi mal pensado, não podemos juntar um braço ao outro, na mesma extremidade e agarrar em dupla força aquele ser que nos abraçou! o corpo humano, chega-se então à conclusão, é mal pensado! reenvente-se!

4.12.08

eduardo prado coelho fez-me escrever

numa mensagem, que já deve ter rodado meio milhão de país e sido reencaminhado para outro milhão, com um orgulho descomunal, um texto de eduardo prado coelho abre-se a nossos olhos. o texto fala, como já devem saber, do que é ser português, basicamente. da chico-espertice. o texto agrada-me, a mim pessoa particular, pois penso exactamente como o senhor, apesar de achar que chego ao fim do dia e, olhando-me ao espelho, não vejo um chico esperto.

acho piada, a máxima, esta mensagem ser-me enviada por as mais diversas pessoas, dos mais diversos pontos do país. ser colocada em sites, blogs, jornais, pelas mais variadas pessoas, nos mais diversos pontos do país. com um orgulho descomunal! como uma mensagem ao outro dizendo: vê lá se pensas e deixas de te armar em chico-esperto. és tu que fazes com que este país esteja uma merda. brincadeira de mau gosto, só pode ser! analiso algumas pessoas que fizeram isso, e reparo que elas mesmas, ou não compreendem o texto, ou acharam que ler ou ter um texto do eduardo prado coelho, era uma coisa deveras intelectual, ou então, são estúpidas e continuam a fomentar o chico-espertismo, qual durão barroso que, depois de ter sido questionado acerca da poluição que o seu jipe topo de gama fazia, quando andava a tentar convencer o povo a poluir menos disse: olha para o que eu digo, não para o que eu faço! lindo, exemplar, pedagógico!

eu próprio, não posso dizer que contribua para este chico-espertismo. não contribuo. se há coisa pela qual me oriento, é pela ética. sempre o fiz, continuo a fazê-lo. a ética faz parte da minha vida. estudo ética. leio sobre ética. penso-a. imagino-a. desejo-a. sou um ser com ética. diz o dicionário que ética, "é aquilo que é bom para o indivíduo e para a sociedade". chego à conclusão então, que de ética, o normal português, tem muito pouco. penso por vezes no egoísmo das pessoas e penso que muitas vezes, viveria talvez muito melhor, se fosse também eu um pouco egoísta. mas não viveria mais feliz! mas eu sou feliz! sou feliz, porque não penso só em mim quando faço alguma coisa. nunca em mim primeiro. como serei eu capaz de comprar uma coisa, sem pensar no que esta compra pode afectar? como poderei eu comer uma coisa, sem pensar no que isto pode causar? como poderei eu decidir uma coisa, sem pensar no que esta decisão pode fazer no outro?

leio neste momento um livro dum autor que é um dos meus gurus: peter singer. intitula-se "um só mundo - a ética da globalização" e fala, como se pode perceber, da globalização. mas o que é isto de um só mundo, o que é isto da globalização? dum livro com 280 páginas, uma frase pode ser retirada: é a preocupação com o outro e ter consciência do efeito borboleta (deixem-me usar um cliché). um abanar de asas duma borboleta em portugal, pode causar um ciclone no japão.

o que não compreendo muitas vezes, são as pessoas que reclamam por tudo e por nada. ou porque têm a mais e não conseguem vender, ou porque têm a menos e não têm o que vender. é reclamarem sem terem consciência do que pedem, sem terem consciência que são, também eles, os causadores de tantos males.

lembro-me há dois anos de uma grande polémica em portugal, quando um grupo de "vândalos" (utilizando a expressão da maior parte das pessoas) entrou num campo cultivado com milho transgénico no algarve e destruiu parte dele. morte aos terroristas, gritava-se. destruiram parte da plantação, meio de sustento do "pobre" agricultor que, mesmo fazendo um cultivo proibido naquela área do país, teve uma grande despesa. a revolta cresceu dentro de mim. as mesmas pessoas que gritavam palavras de ataque a este grupo de pessoas, são as mesmas que, com todo o direito, fazem o mesmo, sem terem consciência disso. se a destruição do milho se tratou de um acto que prejudica o rendimento de outro, o que significa então a pirataria? gravar cd's, dvd's, fotocopiar? não será, também esta, prejudicar o rendimento do outro? ah, claro que não! porque não é nosso, porque não somos nós os artistas, porque não somos nós os actores deste filme, porque senão, seria exactamente a mesma coisa!

as ruas parecem rios quando chove, os esgotos estão todos entupidos. e vejamos, a grande parte das pessoas que o reclama, são os fumadores que, após terminarem de poluir o ar, acham-se no direito de atirar a beata para o chão...entupindo assim os esgotos!

nesta altura de natal, enviam-se centenas de mails com imagens de animais que sofrem, que são maltratados, que são assassinados. as palavras de ordem são sempre as mesmas...se tiver coragem, olhe para estas imagens. mas as pessoas não é que não tenham coragem. as pessoas são é cobardes. como posso eu aceitar um mail destes, sem ter vontade de insultar alguém, enviado por uma pessoa que no natal se senta à mesa de jantar para devorar um grande peru? que oferece fois gras a um amigo? que leva os filhos ao circo no natal? que compra uma mala em pele (será que as pessoas têm consciência que pele é mesmo pele?) de presente? que compra um casaco de vison para ir aquela festa? como posso eu aceitar isto de bom grado? as pessoas não podem ser normais, só assim faz sentido!

como posso eu continuar a consumir carne de animais, quando sei que milhares de florestas tropicais são destruídas para se fazerem campos de cultivo para os alimentar? quando sei que as suas fezes, são o maior culpado do desaparecimento da camada de ozono da atmosfera? quando sei as doenças que todos os produtos que os fazem ingerir, provocam na saúde humana e que, mais tarde, o estado (que naquela altura estará nas mãos doutras pessoas e que mesmo assim, o português reclamará) gastará milhares em saúde, para curar ou tentar curar estas doenças, quando poderia este dinheiro ser gasto em coisas bem mais essenciais, como a formação, a cultura, o desenvolvimento variado?

como posso eu gastar centenas de contos em prendas de natal, em carros, em casas, em férias, em bebidas, em droga, em bens fúteis, sem pensar nos que morrem sem ter com o que sobreviver? como sou capaz? não sou. mas as pessoas que me enviam mails com fotografias de países em guerra, de países com crises de fome, sim, esses são capazes de desperdiçar tudo o que têm, de se enterrar em despesas, para satisfazerem a sua fome consumista.

como posso eu demorar-me 10 minutos num banho de água quente, quando sei que a água é um bem esgotável? não é não posso. é, não devo. sabia-me tão bem, confesso mas...e os outros, os que não têm? as pessoas que o fazem, de certeza que nuca passaram (e acreditem que isto não é nada, em comparação ao que vi) pela necessidade de ter água potável, como eu tive quando estava na índia e ter que fazer quase 3 horas de autocarro para conseguir água que se pudesse beber. mesmo não sendo isto um sacrifício, tive noção do problema com que nos deparamos.

como podem as pessoas, voltando agora atrás, estar contra um grupo de "vândalos" que se entrega para nos defender? para chamar a atenção para problemas que, não fossem eles, não estavam a ser debatidos agora. como é que a comunicação social não diz que muitas regiões no algarve, são agora proibidas ao cultivo de transgénicos? como é que estes não dizem que a maior parte da europa se debate agora contra o seu cultivo? não interessa. não vende. as empresas não pagam para se dar esta notícia. para se fazerem reportagens sobre.

decido-me a parar por aqui, pois é assunto que não tem fim. talvez porque tivesse acordado mal disposto, senti que esta má disposição poderia ser transformada em informção positiva...pelo menos isso. sou um ser com ética e só assim a minha vida faz sentido. doutra maneira, seria um ser banal, como todos, e andaria a criticar o governo e a dizer que portugal é um país de chico espertos...sem olhar para mim próprio. finalizo com a última frase do eduardo prado coelho:

"e você, o que pensa?...medite!"

ode ao não ser

hoje acordei mal disposto, porque ontem adormeci mal disposto. ontem adormeci muito mal disposto. a ausência de pessoas deixam-me mal disposto. a total ausência por desleixo, vontade ou simplesmente por despreocupação, causa-me irritação interna, daquela que não se pode coçar, nem passar pomada. nem o fresco que se fez sentir de manhã, mal me levantei da cama, curou esta minha má disposição, e arrisco dizer que a agravou. a ausência de palavras deixa-me triste. a distância, já não me deixa bem, então a ausência deixa-me de rastos. a ausência de atitude. a ausência de presença. a não presença. a inexistência. o não dizer que se está vivo. que se vive. que se lê. que se ouve. o não estar. o desaparecer por longos momentos. não estou? não estou? não estou? estou mal disposto e vir trabalhar agrava. muito. não querer fazer nada. sentir-me distante. segundo. outro. alternativo. nem o fresco da manhã fez desaparecer esta sensação de vazio. não estou. não sou. não.

3.12.08

a parte mais bonita do meu mundo!

quando olho para ti, não vejo só uma namorada, isso seria igual a nada. quando olho para ti, vejo vida, vejo a pessoa de quem eu mais gosto, por quem mais admiração tenho e com quem quero passar os melhores momentos! tu és uma pessoa linda! olhar para ti, dá prazer! não escondo que me orgulho de todos os olhos que te observam a qualquer lado que vás. seria estúpido pensar que não chamas a atenção, que não comentam sobre ti, que não desejem olhar-te mais uma vez e outra vez mais! seria irreal da minha parte pensar, que uma pessoa tão bonita, passasse despercebida. a forma como te vestes, como sorris, como falas, como atrais as pessoas para ti, as tuas gaffes, a tua naturalidade, é uma coisa nata e que não deves mudar. sabe bem estar ao teu lado! sentir-te perto! ter-te ali quando é preciso! enche-me de coisas boas! enche as pessoas de risos, de simpatia, de descontração, de prazer! serias uma pessoa fútil e desinteressante, se o teu objectivo fosse ter mais, possuir mais, querer mais. tudo só para ti. se fizesses por isso. mas conheço-te tão bem, que sei que nunca foi esse a tua intenção. a maneira como cativas as pessoas, é natural, não precisas de fazer por isso. não precisas de seduzir, de provocar, de te deixar levar. não precisas de competir. a competição serve só para aqueles que desconhecem as suas capacidades e eu sei que tu te conheces bem demais e sabes muito bem quais são as tuas! não deixes de ser como és! linda! não vivas de coisas efémeras, de momentos, de pessoas aqui e ali, de ideias da moda, de pensamentos repentinos. vive de ideais, de pessoas verdadeiras, de vidas eternas, de amizades sentidas, de olhares permanentes, do meu amor! vive contigo, orgulha-te de ti, sente-te, inveja-te a ti mesma, seduz-te, provoca-te, ama-te! sê narcisista, porque tens tudo para o poder ser!

o que te posso dar, é um pouco da minha vida. o pouco que quiseres aproveitar. se isso te servir, guarda-o em ti! não vou deixar nunca de te querer mais, de lutar por ti, de te desejar mais e mais! porque sei que és sincera e verdadeira e conheço-te o carinho, a amizade, a admiração e o amor que me sentes. e acredita, não o vou desperdiçar!

o mundo gira à tua volta? é natural! és linda!!!

amo-te, meu amor!


falta gravíssima

dei por mim, há dias, a escrever uma mensagem de telemóvel à minha namorada quando, surpreendentemente - e porque utilizo a escrita inteligente e escrevo em português, não utilizando portanto os k's, os x's, etc - reparo que a palavra que queria escrever, não existia no dicionário do telemóvel. fui mudando, mudando até encontrar a palavra pretendida que, no meu entender, deveria ser logo a primeira. ok, dei uma oportunidade ao telemóvel, deixaria que fosse a 2ª ou a 3ª...tudo bem, sem problemas. no entanto e após ter clicado várias vezes, apareceu uma palavra a dizer letras, o que quer dizer que tenho de a escrever para a introduzir no dicionário porque, claro está, esta não foi lá inserida aquando do seu fabrico. amigos, é incompreensível que um telemóvel de marca filandesa, à venda no mercado português, tenha palavras como net, change, e-mail, mas não tenha essa palavra tão portuguesa que é....sumol! arreliado, fora de mim, admirado, dei por mim a escrever sumol, letra a letra. um pensamento surgiu-me. trocar de telemóvel, ou melhor, de marca de telemóvel. atirá-lo contra a parede. deixá-lo ali mesmo com um post-it amarelo em cima a dizer: abandonado porque não possui a palavra sumol no dicionário! gostaria de pensar que ninguém lhe pegaria, que o deixariam ali, para sempre, à chuva, até que um qualquer estrangeiro ali passasse e, não compreendendo o que estava escrito, ou compreendendo, mas achando que sumol não faria assim tanta falta nas suas mensagens, o levasse para longe. a ele e a todos aqueles telemóveis que não tivessem a palavra dentro deles. essa palavra tão portuguesa. tão rara. tão representativa de um povo! sumol, unidos pelo sabor!

25.11.08

ai a estupidez

sou muito boa onda. acho mesmo que sim. considero-me uma pessoa acessível, prestável, compreensiva, amiga e simpática. há, porém, coisas que me deixam doido. uma delas, é a estupidez humana. não em fazer coisas que não me passa pela cabeça sequer, as pessoas insistirem ainda em fazer, e posso falar disso noutro post que não este. mas a estupidez de se ser mesmo estúpido, quer dizer, de eu ter de repetir duas ou três vezes a mesma coisa e mesmo assim ainda ter de explicar. ou de falar ou perguntar uma coisa e as pessoas responderem-me outra. aí, nesses momentos, há uma reacção interna, que me é completamente alheia e incontrolável, que me faz querer responder qualquer coisa absurda, para que a pessoa entenda que estou a chamar-lhe estúpida. não consigo controlar o meu cérebro, para que seja diferente. tenho pensado cada vez mais nisto e chegado à conclusão de que, mesmo que queiramos controlar a nossa cabeça, muitas vezes, isso se torna completamente impossível. passo a explicar. estamos a pensar, eu e a tanya, em viajar até frança nos dias que antecedem a passagem de ano e ficar por lá uns 1o dias a gozar o vale do rio loire, o maior de frança e que alberga o maior número de castelos do mundo. para isso, decidi contactar através do couchsurfing, algumas pessoas, afim de arranjar alojamento gratuito nesses dias. já sabia à partida, que a altura do ano não era propícia a isso, visto que apanha o natal e a passagem de ano e que muitas pessoas regressam a casa para passar estes dias com a família. já sabia também que, apesar de espanha (pois vamos lá ficar 1 ou 2 dias) ser dos países com maior número de pessoas inscritas neste site, era muito complicado arranjar alojamento, pois os espanhóis gostam muito de se inscrever, mas de aceitar pessoas, tá quieto. já sabia também que iria ser complicado escrever em português a um espanhol (e aqui começa a parte da estupidez), pois este só sabe falar espanhol e muito mal inglês e portanto o português, apesar de que se fizer um esforço o compreende perfeitamente, vai dizer logo que não entende, daí ter escrito logo em inglês. concluindo, parti logo com estes 3 pontos negativos. ultrapassável, pensei eu. o que não pensei, é que nuestros hermanos, fossem tão estúpidos (generalizo claro, partindo da experiência que tenho até agora, por causa daqueles que já me responderam). quando lhes escrevo um mail a dizer que vou passar do ano velho para o novo a frança e que saiu daqui no dia 25 a seguir ao natal, perguntando se posso ficar em casa deles lá para o dia 26 ou 27 à noite, estou à espera que me respondam duas coisas: sim ou não. Seria de esperar outra coisa? não! mas a estupidez não podia ter acabado aqui ao lado. o que me responderam, todos os 6 ou 7 que já me escreveram até agora foi, acreditem: rafael, gostaríamos de saber se viriam 26 e/ou 27, mas de novembro ou dezembro? - anh? não percebi, agora sou eu que estou burro. passo cá o natal e vou para aí para a passagem de ano e eles perguntam-me - todos eles - se é novembro ou dezembro? o que penso depois é: ou escrevo a chamar-lhes estúpidos, ou então não escrevo. opto pela segunda hipótese. não posso ficar em casa de pessoas burras, estaria a contribuir para a minha não inteligência. é que nem lhes posso sequer dar o benefício da dúvida em relação ao natal não ser gozado no mesmo dia, pois eles gozam-no ainda mais à frente, a 6 de janeiro. ainda estou à espera que algum me pergunte se é em janeiro! estas coisas, comparo-as a ir a uma loja comprar uma t-shirt e a pessoa me dizer: t-shirts não temos, mas temos ali umas calças muito bonitas...estúpidos!

24.11.08

teste de personalidade

decidi fazer o meu teste de personalidade, só para saber se me conhecia ao ponto que imaginava. não fiquei descontente, sou mais ou menos isto! afinal, quando me olho ao espelho, sei o que está por dentro daquela película impermeável! eu mesmo!


Advanced Global Personality Test Results
Extraversion |||||||||||||||| 66%
Stability |||||||||||||||||| 74%
Orderliness |||||| 30%
Accommodation |||||||||||||||| 70%
Interdependence |||||||||||||||||||| 83%
Intellectual |||||||||||| 46%
Mystical |||||||||||||| 56%
Artistic |||||||||||||||||||| 83%
Religious || 10%
Hedonism || 10%
Materialism |||||| 23%
Narcissism |||||||||||||| 56%
Adventurousness |||||||||||| 50%
Work ethic |||||| 30%
Humanitarian |||||||||||||||||||| 90%
Conflict seeking |||||||||||| 43%
Need to dominate |||||||||||||||| 63%
Romantic |||||||||| 36%
Avoidant |||||| 30%
Anti-authority |||||||||||||||| 70%
Wealth |||||||||||||||| 70%
Dependency |||||||||| 36%
Change averse |||||| 23%
Cautiousness |||||||||||| 43%
Individuality |||||||||||||||| 70%
Sexuality |||||||||||||| 56%
Peter pan complex |||||||||||||||| 63%
Family drive |||||||||||||| 56%
Physical Fitness |||||||||||||||| %
Histrionic |||||||||| 36%
Paranoia |||||| 30%
Vanity |||||| 23%
Honor |||||||||||||||| 63%
Thriftiness |||||||||||||||||||| 90%

22.11.08

meat is murder

meat is murder, é o segundo álbum de estúdio dos the smiths, um nome incontornável do rock alternativo dos anos 80. foi editado em fevereiro de 1985 e foi o único álbum da banda a chegar ao número 1 do top britânico. a revista rolling stone, elegeu-o como um dos melhores 500 álbuns de sempre, na história da música. está também incluído no livro "os 1001 álbuns que tem de ouvir antes de morrer". este álbum partilha o nome com a última música do mesmo, escrita por morrisey e o guitarrista johnny marr, ambos vegetarianos. não posso acabar este post sem deixar aqui a letra e o vídeo que acompanha meat is murder.

para quem tiver a coragem de ler, ouvir e ver a realidade.


"heifer whines could be human cries

closer comes the screaming knife
this beautiful creature must die
this beautiful creature must die
a death for no reason
and death for no reason is murder

and the flesh you so fancifully fry
is not succulent, tasty or kind
its death for no reason
and death for no reason is murder

and the calf that you carve with a smile
is murder
and the turkey you festively slice
is murder
do you know how animals die ?

kitchen aromas arent very homely
its not comforting, cheery or kind
its sizzling blood and the unholy stench
of murder

its not natural, normal or kind
the flesh you so fancifully fry
the meat in your mouth
as you savour the flavour
of murder

no, no, no, its murder
no, no, no, its murder
oh ... and who hears when animals cry?"



21.11.08

quando penso em obama

obama está na moda. é engraçado ver toda a gente a apoiar o novo presidente dos eua, a dizer que agora é que vai ser, que se deu uma nova oportunidade ao país e ao mundo. votou-se numa pessoa pertencente a uma minoria, etc, etc, etc. é tão interessante de ouvir. pena é, que em portugal, não se dê oportunidades às minorias. são sempre os mesmos que lá estão em cima. ou é laranja, ou é rosa, mais nenhum pode lá chegar, portanto o paleio das minorias, é bonito mas é para...americano ouvir! no entanto, não foi para escrever sobre isto que cá vim. o que me trouxe, e sim, dou todo o meu apoio a obama, quanto mais não seja porque tirou o fascismo do poder, é poder escrever uma coisa muito interessante sobre o actual presidente. não basta ser negro. não basta ser jovem. não basta ter o discurso que tem para com o mundo. tudo coisas raras, portanto. obama é mais! obama é vegan! e o que é isto de ser-se vegan? ser-se vegan, mais do que ser apenas vegetariano por completo, além de não vestir nada de origem animal, não utilizar produtos testados em animais e por aí fora, é pensar-se nos outros, acima de tudo! ser-se vegetariano, neste caso levado ao extremo, é respeitar. respeitar os animais. respeitar o ambiente. respeitar as pessoas. respeitar a boa distribuição das coisas. como dizia o gonçalo cadilhe num dos seus livros: comer carne, é tirar o pão da boca de quem não o tem (mas ele não é vegetariano, embora se lamente por isso constantemente). não ser vegan, é contribuir para a produção excessiva de produtos agrícolas que servirão para alimentar a excessividade de gado que, por sua vez, aumentam a produção de fezes que provocam metano que é a principal causa do desaparecimento da camada de ozono. cultivar em demasia, destrói os campos, por sobrecarga. provoca chuvas ácidas, devido aos pesticidas usados. faz os cientistas desenvolverem plantas capazes de resistir a tudo, o que provoca malefícios para a saúde e o ambiente. dar alimentação ao gado, é dar a mais para tirar menos, em vez de se dar o mesmo aos países pobres para alimentar pessoas - contraprodução, portanto. e por aí fora...portanto, quando penso que obama é vegan, não penso num presidente que fala bem e pertence a uma minoria. penso num cidadão que se preocupa com o outro, ao contrário da maior parte das pessoas, que nunca pensa nisso e pensa e só, no seu bem estar. quando penso em obama, neste momento, acredito. acredito num futuro muito melhor! e orgulho-me de dizer...mais um vegan! yes, we can!

19.11.08

não igual

aflige-me saber que há pessoas se preocupam demasiado comigo. é uma maneira de dizer que gostam, que pensam, que nos querem bem. não é, no entanto, relaxante. não me deixam descontraído, pois estou sempre com a dúvida se estarei a ser justo, correcto, se não estarei a desiludir, se o acto que cometo é responsável, se a decisão foi a acertada. sinto, para com essas pessoas, uma enorme resposabilidade, que não gostaria de ter, claro está. não me sinto completamente livre, pois não tomo decisões 100% minhas, mas só 95%, já que a outra parte, é sempre a pensar nos outros. e esses mínimos 5%, são mais do que suficientes para me mudarem, muitas vezes, o rumo da vida. chego por vezes a achar que sou egoísta, pois nas minhas decisões, quase não cabem as opiniões dos outros. mas eu sei o que quero para mim. não os outros! não será também egoísmo dos outros, querer que a nossa vida seja diferente, só porque a idealizaram de maneira diferente? só porque a idealizaram e a pensaram, sem nos pedir a opinião? sem querer saber se a queremos viver dessa forma? o que acho, é que nem a uma nem a outra, se pode chamar egoísmo. não sei que nome lhes chamar também, mas egoísmo, não é! o ideal e utópico, talvez, seria toda a gente aceitar de boa fé as decisões de toda a outra gente. sem discussões, sem contra-opiniões. queres, faz. não queres, não faças. mas sê tu. pensa em ti. decide o que for melhor para ti. eu apoio-te no que decidires. é a tua vida. para a minha, quis, escolhi, decidi isto. tu, o que quiseres! - mas sei que é pedir muito. que é pedir o impossível. mas continuo a insistir, até que respeitem e me aceitem assim, não igual!

18.11.08

sabino rui

o puto nunca mais nasce. andou a tentar a sorte há uns meses atrás. esticava-se, punha a unha do pé cá fora e alguém o empurrava para dentro. oh maior, ainda não é altura. vá, encolhe-te lá dentro, quietinho e engorda mais um bocado. agora, querem que meta as vinte unhas cá para fora e o puto não sai. vingança? vamos pensar que não. o que é certo, é que nem as caminhadas resolvem o assunto. o que penso neste momento, é: ai o careca do pai e a embolada da mãe. ali, ansiosos, é agora...agora não é. e lá dentro o puto vai ficando mais uns dias, encarquilhado, a crescer, sujeito a rebentar tudo à sua passagem, qual furacão katrino...as águas que se rebentam, o dique que não consegue aguentar e ploc, tudo à frente. ai ai ai...que o curso de parto de nada me serviu. o careca a cair para o lado. a embolada que já não o é, aos gritos e o puto a tentar sair pelo buraco da agulha! puuuxe...puuuxe...como se fosse a coisa mais fácil do mundo! ai que não tenho forças...que ele ficou tempo demais. e agora? agora - dizem - puuuxe...puuuxe! e lá de dentro, por entre repuxos e um sem número de elementos corporais inimagináveis, o puto nasce! chora que se farta. com as unhas grandes, o cabelo a acompanhar, com o pirilau no ar...ai rapaz, que quando chegares a casa, vais vê-las!

os concertos

os concertos, são parte integrante do meu emprego. as montagens, o soundcheck, o ensaio, a preparação do palco, o concerto em si e, claro está, a desmontagem. tudo muito bem! no entanto, há duas coisas que abolia dos concertos: os solos e os encores. passo a explicar porquê. os artistas entram, tocam meia dúzia de músicas, apresentam a banda - até aí tudo normal - e às tantas, vindo não sei de onde, eis que dá na cabeça de todos fazer um solo. ah mestre, tu é que tocas. é vê-los a olhar todos para o destaque, a abanar a cabeça para cima e para baixo, um sim sim sim repetitivo, a fechar os olhos como se o solo protagonizado fosse uma inspiração repentina e de pura categoria e qualidade, não repetido dezenas de vezes e, sem os prórprios artistas contarem, a tirar do público uma ovação descomunal, como quem diz: opá, foi a melhor cena que ouvi até hoje, tás a ver?! não aguento. não sou obrigado a ouvir, mas não tenho outro remédio. serão os 15 minutos de fama? não sei e duvido que sejam. a mim, não me convencem. joguem em equipa, vá, deixem-se de merdas. apesar disto, o concerto não pode terminar sem o encore. ah, o/s encore/s! nada programado, claro está. nada! acabam a que dizem ser a última música, o público bate palmas e os artistas, em bastidores, lembram-se à última da hora: epá, o que vamos tocar agora? só se for aquela que não tinhamos pensado tocar, mas que já faz parte do alinhamento inicial, assim como aquelas outras 3, para o caso dos gajos continuarem a pedir! e o espectáculo continua. sem razão de ser! quem é que ainda acredita que só voltam porque o público pede? vá lá, idealizem uma coisa com princípio, meio e fim e pronto. acabou, acabou, não há cá encores. imaginem o que era chegar ao fim dum espectáculo de dança ou de teatro e o público continuar a bater palmas e os artistas entrarem para dançar só mais 5 minutos ou repetir umas deixas do meio do texto? dá para imaginar? acho que seria, no mínimo, caricato! atinem!

17.11.08

antítese

como tinha prometido num comentário deixado no blog duma amiga que vive, neste momento, em oslo, deixaria, mais cedo ou mais tarde, neste mesmo espaço, a antítese de um post publicado no seu espaço. é, também, o contrário do seu blog.


15.11.08

t2 para descansar

é um t2, no centro histórico e custa 300 euros. vem! se até aí não estava convencido, agora a decisão estava tomada. até que enfim. já arranjei pessoa para me ficar com a casa cá. estou neste momento a contactar com possíveis trabalhos lá. o resto do tempo, vai ser para descansar a cabeça, que bem preciso. o trabalho é uma coisa que, acima do dinheiro, tem obrigatoriamente que me dar prazer. jurei para mim mesmo que quando acordasse e me custasse levantar para ir trabalhar, arrumaria as tralhas e iria à minha vida. chegou o momento de tomar essa decisão. este tipo de trabalho, dá-me imenso prazer. o espaço onde o faço, igualmente. o que não gosto, é a mesquinhice das coisas. a falta de respeito. o não me sentir motivado e achar que ninguém faz por isso com ninguém. é perceber que, pensam eles, o salário ao fim do mês nos faz felizes. o que me faz feliz, não é o dinheiro, é o prazer em fazer e pensar nas coisas. isso e só isso. tenho prazer em estar com os meus amigos. a minha família. a tanya. os meus cães. em viajar. em cozinhar. em ajudar. em conversar. em ler. em escrever. nada disto envolve dinheiro. envolve só, e tão só, prazer! e nunca me cansei de nenhuma das coisas. a princípio sim, tinha prazer em dar tudo o que tinha e não tinha para andar para a frente com este projecto. continuo a achar que é um grande projecto. uma grande equipa. mas não é lugar para mim. neste momento, não é. um espaço destes, não pode ser gerido com uma empresa, pois não o é. não se trabalha em série. longe disso. trabalhamos só com pessoas. a relação entre elas é o mais importante. a equipa deste espaço, é a melhor equipa neste momento. mas ninguém dá o devido valor. é pena. porque pernas para andar, é o que não nos falta. chegou a hora de dizer que não quero mais. que não aguento. e na continuação do post anterior, que não aguento, para o bem da minha sanidade mental!

14.11.08

(in)sanidade mental

são 2h40 e talvez não seja a melhor hora para escrever sobre o assunto, admito. deve ser uma consequência do momento. o cliché que mais me recordo agora, que possa definir este momento, é: "não sou homem de uma mulher só". eu adapto à minha pessoa: não sou homem de uma terra só! parece-me bem melhor, mais aventureiro, mais ético e menos errante! cada vez me convenço mais do que acabei de dizer. não consigo sossegar. estar quieto. criar raízes. é contra a minha natureza. questiono cada vez mais o meu nome de família da parte do meu pai: polónia. nunca fui curioso ao ponto de tentar saber de onde vinha. o que é certo é que, mesmo continuando sem procurar, tenho a certeza que algo de cigano de leste deve haver neste nome. estou convencido que sim. já vivi em ovar, coimbra, porto, lisboa, guimarães, paris, mealhada - do que me lembro. mas não estou contente. sossega rapaz! no entanto, o motivo que me leva a pensar em escolher qualquer outro sítio para montar a tenda, é simples. se não saiu deste emprego onde estou, estou sujeito a não ir parar a lado nenhum nunca mais, a não ser para um hospital psiquiátrico. pela continuação do meu bem estar, da minha estabilidade como ser humano, a fuga é inevitável. sou novo - penso - de que tenho medo? o que é certo, é que coloco estas questões e a verdade é só uma. medo, não tenho nenhum. se for uma questão de trabalho, felizmente, não faltará. estou com um aspecto de doido. já nem é só o que digo. é mesmo o aspecto físico. o cabelo e a barba grande, ainda por cima, não ajudam. ainda para mais, quando a minha barba é ruiva e o cabelo, castanho. bonito, pensam, todos pintam o cabelo. este é tão senil, que pinta a barba. e riem-se. não para mim, mas de mim. ai, vou fujir.

enquanto não o faço, e antes de adormecer, vou falar um pouco aqui com o meu companheiro imaginário. ele compreende-me melhor que ninguém!

12.11.08

olhar com atenção

o bernardo sassetti já era, para mim, um dos melhores músicos portugueses da actualidade. a sua música é incrível. os seus concertos são fantásticos. como pessoa é simples, acessível e nada tem de estrela. agora passo a gostar-lhe também, das fotografias. já em tempos, aquando da sua última passagem pelo teatro, nos tinha dito que estava a pensar expor o seu trabalho fotográfico aqui. chegou finalmente o dia. a exposição abre amanhã, dia 13 e estará patente até dia 31 de dezembro com entrada livre. da exposição farão parte também, fotos de carlos romero. "como resgatar uma imagem do esquecimento?" - é a questão que se coloca. deixo em baixo a minha fotografia favorita da exposição. chama-se mov3 e foi tirada em paris. nela retrata-se aquilo que defendo há muito. a fotografia não é um congelar da imagem, terá sim, de mostrar movimento, vida. esta fotografia é bem exemplo disso. a não perder. (site)

carlos seixas e eu

quando trabalhei na coimbra 2003 - capital nacional da cultura, trouxe para casa algumas recordações. a maior parte delas foram livros, edições da capital. outra, foi um cd intitulado "música sacra" de carlos seixas. acho que até tenho vergonha de o dizer, mas este cd permaneceu fechado, com plástico à volta e tudo, até há duas semanas atrás. explicar para quê, quando toda a explicação seria ridícula. rasguei o plástico, abri a caixa e coloquei o disco a tocar. o que ouvi fez-me ter vontade de me atirar de um 10º andar. como consegui ter esta música selada durante 5 anos? o que ouvi não foi bom, não foi bonito. foi belo! (a palavra belo só é por mim usada em momentos muitos particulares). claro que já ouvi este albúm mais de 10 vezes desde então. ouço-o neste momento. é belo! ficar-me por aqui, seria não conhecer carlos seixas. a pesquisa fez-me saber que nasceu em coimbra e que aprendeu a arte do seu pai, substituindo-o como organista da sé de coimbra com apenas 16 anos. claro que não vou descrever toda a vida de carlos seixas, pois nunca mais terminaria. no entanto, orgulha-me dizer que é comparado a grandes mestres com haendel ou bach, sendo quase uma certeza que mesmo os concertos que estes deram, foram posteriores aos de seixas. um mestre! tenho vergonha em assumir a ausência de carlos seixas da minha vida até há duas semanas atrás, mas orgulho-me de, neste momento, ter sido uma das maiores descobertas. é belo!

por fim, um sorriso!

a minha internet está a passar-se. não estou a perceber. há muito que não me dava problemas. há pouco tentei entrar no site da companhia e o site dizia "o kanguru deixou de saltar". presságio ou não, não está a saltar tão alto, isso é verdade. penso nisto e não imagino como é que já fui capaz de ter a internet a somente 56k de velocidade...impossível! a página abria tão indepressamente e nós ali, à espera que o texto se completasse. e quando era uma imagem? era como um teaser...tudo muito lento, e nós a tentarmos imaginar o que estava em baixo. excitante! agora tenho uma internet a não sei quantos mega e é isto. o desespero. mas hoje estará toda a tecnologia contra mim? agora chegou-me uma mensagem ao telemóvel. abri-a e o raio do telefone bloqueou. não quero acreditar. quem será? o que terá escrito? mudar-me-á a vida? é, nos tempos de hoje, um teaser...(o rufar dos tambores)...o que estará escrito naquela mensagem que chegou e me fez pifar o raio do telemóvel? os gadgets estão a controlar-me a vida, a atrasá-la. em vez de me acelararem e minorarem o tempo de fazer as coisas, estão com uma função diferente. alguém me ajuda? aí desse lado...alguém? digam-me que têm os mesmos problemas, ou vou sentir-me perseguido por estas pequenas diabruras. a internet continua lenta. o telemóvel sem trabalhar. dói-me as costas! que felicidade, algo de natural me dá cabo da vida!

11.11.08

tanya e os contratempos da estreia

a tanya estreia amanhã a sua primeira peça em beja! "as criadas" de jean genet. as coisas foram atribuladas. feitas em pouco tempo. um texto difícil. um texto que exigia, no meu entender, mais tempo, muito mais. de mesa. de palco. de conhecimento entre as pessoas. fora o nervosismo que acompanha sempre uma estreia, a tanya está motivada. nervosa. contente. nervosa. empenhada. nervosa. faz parte. sem isso, nada teria o seu gozo. tudo seria demasiado...fácil. a ideia não é essa. o que desejo agora é que suba ao palco do pax júlia em beja e se "divirta". que goze o momento. que seja o mais profissional possível, como sei que é. que seja como é, boa naquilo que faz! não é por ser a pessoa que me acompanha na vida (minha namorada é um termo de posse...coisa que não é verdade) mas reconheço-lhe grandes capacidades. crescer como actriz, faz parte da carreira que ainda tem pela frente...da imensa carreira, espero eu! a vida não é fácil neste meio. infelizmente as carinhas larocas e boas podem ser actores/actrizes. imagine-se que até a teresa guilherme já aparece como apresentadora/actriz. de rir! tristezas à parte, o que é preciso é acreditar. é confiar. é estar certa de que é grande! o que é preciso, é que tudo corra bem, e isso tenho a certeza que correrá! como já lhe escrevi outro dia num comentário que fiz no seu blog: "vai...salta para a merda do palco!". eu não vou estar presente em corpo, mas sabes que vou estar lá, algures, a dar-te indicações, a ajudar-te, com os olhos em ti! és linda! amo-te!


lugar comum

escrever sobre coisas que não interessam a ninguém. escrever por escrever. falar por falar. contar a vida. não ter segredos. "o meu maior segredo, é não ter segredo nenhum" - mário sá carneiro. sem que alguém conte, nem eu mesmo, aparecer. estou na mesa da cozinha, depois de ter comido o meu cerelac com leite de soja. deixei o pacote de leite à minha frente, por detrás do monitor do portátil. outro em cima da máquina de lavar roupa, para que não me esqueça de o colocar no frigorífico. só consigo beber leite fresco. isto está tudo desarrumado, é à conclusão que chego. e ainda por cima diz-me a minha mãe ao telemóvel: não precisas de vir a ovar para o casamento do teu irmão. ele veste-se em tua casa e tiras fotografias aí. estou lixado - penso e digo-o para mim vezes sem conta - vou ter que limpar a casa. vou ter que arrumar o saco com as castanhas, ainda fechado, que comprei outro dia. tirar os restos de mapas e roteiros de cima da mesa. varrer o chão. o pó (que detesto). apanhar os tufus de pêlo dos meus cães que se multiplicam de dia para dia. sacudir os tapetes. colocar um cheirinho na casa. detesto. há duas opções...melhor, três! 1ª - deixar tudo como está! 2ª - arranjar uma pessoa que me faça a limpeza à casa por 5 euros à hora. 3ª - arrumar só a sala e meter lá toda a gente, vestir lá o meu irmão, tirra fotografias lá. tem quatro paredes, todas diferentes umas das outras. quatro cenários, portanto! tenho que pensar...mas como ainda faltam uns dias, estou descansado. tenho que me ir deitar. amanhã trabalho às 9h30. todo o dia metido num gabinete sem janelas. num palco sem janelas. e quando chego cá fora...está tudo escuro. o dia acabou. estou farto. a minha cozinha começa a ser um pouco fria. aliás, a parte de cima da minha casa é um pouco fria. a casa tem 3 andares. é uma casa velha. recuperada por nós e pelas nossas respectivas famílias, que andaram para aqui a pintar, a pregar, etc. quero ir deitar-me. preciso. faltam 34 minutos para a bateria acabar. tenho um cesto cheio de fruta ao meu lado esquerdo. bananas. maçãs. laranjas. tangerinas. ameixas. tinha uvas, mas deitei-as fora. estavam desapropriadas para consumo. e tenho amêndoas que deixaram aqui. e sopa de nabo. amanhã dou cabo do resto. you can. you can fly. vou à casa de banho. acabou-se.

10.11.08

animal que sou eu

ando com o mesmo carro há anos. tem 253.000km! está desarranjado, mas anda! é um fiat e...anda! nunca tem problemas. meter gasóleo e andar! já fez portugal de lés-a-lés. já viajou até barcelona duas vezes. já foi à croácia e veio. e anda! perguntam-me os meus colegas porque não o troco, pois já tem quilómetros a mais, está na altura. mas porque hei-de eu trocar - pergunto - não anda? para que quero eu um carro xpto, se este é perfeito?

o teu telemóvel está todo partido. agora arranjas um por meia dúzia de euros - dizem. mas porque achas que quero outro telemóvel? este não trabalha bem? sim, mas está velho - dizem. e então? não funciona? não faz chamadas e envia mensagens? não será essa a função do telemóvel?

a tua camisola tem um buraco. está na altura de comprares roupa nova e deitares essa t-shirt para o lixo. mas porquê? porque tem um buraco junto ao pescoço? mas ela proteje-me do frio e do calor. evita que ande em tronco nu. para quê comprar outra se esta me serve na perfeição? porque...tem um buraco de meio centimetro junto ao pescoço? não achas exagerado deitar fora esta camisola só por causa disso?

porque não pões a via verde no teu carro? assim não paravas nas portagens. mas eu quero parar nas portagens. quero ter pessoas que trabalhem nas portagens. não quero, daqui a uns anos, ser só atendido por máquinas. não quero fazer uma viagem que me leve deste ponto àquele, sem falar com ninguém. sem a presença dum humano no caminho. eu quero parar na portagem! quero dizer boa tarde, sorrir e ouvir um boa viagem! talvez seja por isso que, sempre que a máquina me dá o talão que ao fim entrego para pagar, siga o meu pai e lhe agradeça sempre com um obrigado! o meu pai, fá-lo por gozo, talvez. eu não, eu acredito mesmo que lá dentro está um humano sentado! eu quero que esteja.

estás a ficar careca, sabias? eu sei que estou a ficar careca. eu sei ver-me ao espelho. eu olho-me. também sei que sou magro e tenho barriga. também sei que tenho a barba ruiva e o cabelo castanho. também sei que me faltam dentes. sei também que caminho como o meu pai, de braços abertos. eu sei isso tudo, portanto parem de me dizer coisas que já sei. careca, claro que estou a ficar. já não tenho 20 anos. o sangue já não me irriga certas partes do couro cabeludo. não é doença, como me querem fazer crer quando me dizem: estás a ficar careca - como se me estivessem a dizer - é pá, tens manchas no corpo. tens um olho inchado. tens um papo no pescoço. não, não é doença. sou assim. é humano envelhecer-se e...ficar careca!

um erro aberrante

num livro que li na viagem que fiz à índia, e que está neste momento à minha frente e por isso falo sobre isso, lembro-me que o autor diz logo no ínicio uma coisa que me deixa a pensar que, um livro que até é engraçado, pode perder logo a piada toda no princípio, só por causa de meia dúzia de palavras que, se o escritor pensasse bem, nunca as pronunciaria...em papel. trata-se de "a vida de pi" e conta a história duma viagem da índia até ao canadá, em que depois de acontecerem várias coisas que aqui não vou contar, o pi se vê dentro dum barco, juntamente com alguns animais. quem sobrevive? porquê? como? no entanto, não foi isso que me trouxe a este monitor. o que me trouxe, é uma ideia que o escritor quer passar, quando coloca o responsável do jardim zoológico a falar dos animais dentro da jaula. não vou transcrever o que diz no livro, mas o que escreve é mais ou menos isto: os animais gostam de estar no jardim zoológico. sabe porquê - pergunta ele a uma outra personagem - porque estão em segurança, têm comida, têm protecção contra as intempéries, etc. (não me lembro muito mais, mas aberração por aberração, esta chega). quer então o autor convencer de que os animais estão...bem? num jardim zoológico? por terem estas...mordomias e não gostarem de ser incomodados? ou estava completamente drogado quando escreveu o que escreveu, ou então não é senhor de si! partamos desta lógica e coloquemos o animal humano nesta posição. eu adoro estar num hotel de 5 estrelas! tenho ar condicionado, televisão, banho quente, uma boa cama, serviço de quartos, conforto! mas ponham-me dentro do melhor hotel de 5 estrelas do mundo e digam-me: ok, agora vais ficar dentro deste quarto toda a vida. é super confortável, não é? não vais poder ver a tua família, não vais poder sair mais daqui, mas é confortável! estás em segurança, tens comida, protecção contra as intempéries! e então? a minha liberdade? porque fui posto aqui? eu não quero. não terei eu direitos? porque me prendem dentro desta "jaula" se nenhum crime cometi? a questão é tão simples quanto esta. se, como o autor tenta convencer as pessoas, todos os animais se sentissem bem assim, as pessoas nos campos de refugiados, nunca mais quereriam sair de lá. têm tudo! menos o mais importante da vida. não é a liberdade. é serem livres!

8.11.08

o pó

o pó é uma mistura de bactérias e pormenores interessantes e desconhecidos que, não fossemos nós tão distraídos, lhe daríamos mais importância. o que concluo, ao fim destes anos todos, é que o pó é uma das coisas que nos torna a vida dinâmica, que nos faz...mexer! que outra substância nos faria mudar de sítio a fotografia do bisavô que já ninguém se lembra sequer do nome? que outra substância nos faria movimentar a pesadíssima televisão? que outra substância nos faria andar de cu para o ar, durante horas? o pó mexe-nos com a vida. dá sentido às coisas. faz com que se movam. com que mudem de sítio. o pó é a razão da mudança! nada faríamos em casa se este não existisse. as coisas permaneceriam no mesmo sítio durante anos, até que um empurrão as levasse ao chão e nos fizesse pegar nelas. os espaços ficariam imóveis, sem nada que justificasse um simples toque que fosse. as pessoas deixariam de movimentar o corpo em alguns sentidos, pois só o pó nos faz movimentar os braços na diagonal, na horizontal, nos obriga a fazer desenhos inimagináveis, a dobrar as pernas, a andar de gatas, a esticar os pés! só o pó. nada mais. eu detesto pó, acreditem, mas quando não o faço desaparecer durante algum tempo, fico petrificado. imóvel. com pó.

ele há coisas

reparei hoje que existem coisas que não gosto mesmo de fazer. pôr as meias a secar, depois de sairem da máquina, é uma delas. saem mirradas, húmidas, sem forma e sempre, mas sempre do avesso. é um acto que dispensaria, se não fossem precisas. limpar o rabo depois de obrar. não gosto. quando nascemos, poderíamos nascer com 50 pedidos grátis que gastaríamos ao longo da vida, conforme as necessidades. coisas com as quais não precisássemos de nos preocupar em conseguir, em lutar por elas. uma delas, seria de certeza, ter sempre o rabinho limpo! outra coisa, é fazer relatórios dos espectáculos que faço. como faço todos, ou 90% deles, a regra da casa onde trabalho é esta, a de apresentar um relatório de cada actividade. como correu. quanto tempo teve. se houve algum problema. quem teve a fazer o quê e quando. quem jantou. quem carregou. etc. mas o que me chateia mais, é dizerem-me que faltam informações e obrigarem-me a fazê-lo pela segunda vez. fico doido. não gosto de conduzir. cheguei a essa conclusão há imenso tempo. nunca conseguiria ter uma profissão que tivesse de estar todo o dia de um lado para o outro, alapado num carro. nem pensar. ainda por cima a passar pelos mesmos sítios todos os dias. anh? não!

do que me lembro a esta hora da noite, estas são algumas coisas. há também coisas que detesto ouvir. que detesto falar. que detesto ver. mas isso fica para outras noites. não esta.

6.11.08

a nossa vida

são 23h57 e sinto-me cansado. há muito que não me sentia assim. tou de rastos. mesmo. ontem vim para a cama cedo. tinha feito uma longa viagem. uma viagem de, digamos, reestruturação. new life. deitei-me cedo. coloquei o portátil à frente. estabeleci com ele um acordo. 30 minutos no máximo. comecei às 22h45 e deitei-me eram 3h45. foram só 30 minutos. no máximo. como não sei estar quieto, conversa puxa conversa. ideia puxa ideia. proposta puxa proposta e, uma hora volvida, toda a vida exposta. a minha. a dele. a dela. tudo lá. sem explicações. só porque sim. duas horas de rabiscos. no fim de tudo, senti-me a gostar mais. muito mais. a confiar mais. a amar mais. a querer mais. tudo. tudo o que nós quisermos. violência. nomes. prazer. tudo o que for. em nós. eu. tu. a nossa vida. a nossa vida. a nossa vida!

simplicidade da vida

dizia-me a karina, uma rapariga polaca muito naif, que conheci há um mês, depois de uma conversa acerca da infelicidade e da crise. "mas se pensarmos bem, o que é que precisamos realmente para viver? um sítio para nos protegermos. a terra para cultivarmos. um animal para nos acompanhar. uma pessoa para gostar. o sol. a chuva. o vento. uma árvore para termos sombra. água para bebermos. só!". a simplicidade da vida levada ao seu extremo básico. tão básico que se torna utópico. inimaginável. raro.

60 segundos

acordei com a sensação de que poderia ter ficado só mais um minuto na cama. tenho a certeza de que mais um minuto importa. teria dormido mais. mais um minuto. num minuto chateio-me. num minuto sou surpreendido. num minuto tomo decisões. num minuto decido partir. num minuto sorrio. num minuto acabo tudo. num minuto leio mil palavras. num minuto despeço-me. num minuto consigo ouvir o silêncio. num minuto abro os olhos. num minuto escrevo isto. num minuto em que não penso. em que só escrevo. num minuto. 1.

alguém que me explique?

- colocar os pontos nos ii's
- fazer das tripas, coração
- armar-se em carapau de corrida
- comer as papas na cabeça
- dar com a boca na botija
- meter-se num 31
- cor de burro quando foge
- vai dar uma volta ao bilhar grande

5.11.08

mrs. pilgrimm

hoje vim para a cama cedo. tentava convencer-me de que iria dormir. tão convencido que sou. logo arranjei maneira de me entreter. ora vendo uma coisa. ora vendo outra. ouvi um albúm que há muito não passava nas minhas colunas. descoberta interessante esta. com um violoncelo e uma voz tremida, conquistou-me de imediato o coração. lembro-me que comprei de imediato os dois albúns até aí "editados" pela menina. esperei. dias depois chegaram-me às mãos dois cd's gravados em casa. as capas vinham à parte. pintadas à mão! não queria acreditar e entrei em contacto com a menina. comprei albúns, não cópias. são os originais - respondeu - sou amadora e isto é uma maneira de vender a minha música. sorri. tenho dois objectos de colecção! os anos vão passar e tenho a certeza, ela tornar-se-á numa estrela pequenina. a menina. ouço os albúns, um a seguir ao outro e repito-os. olho para as capas pintadas à mão e vejo-lhe o prazer de vender a sua música para outro país. penso nisto e isto impossibilita-me de adormecer. agora quero ouvir tudo até ao fim. e a seguir repetir. e a seguir. e a seguir.

o meu irmão casa-se

o meu irmão casa-se dia 15 de novembro. o meu irmão, repito, casa-se dia 15 de novembro. o meu irmão é mais novo que eu, bem mais. e vai casar-se. o meu irmão é diferente. de mim, claro. por ser mais novo, houve alturas em que me ouviu. em que, aquilo que lhe dizia, era lei. ou quase. há muitos anos que lhe perco o rasto. não somos tão ligados, pelo menos fisicamente, como desejava. por isso somos tão diferentes. uma das coisas que sempre o incentivei a fazer, mesmo que não o fizesse na altura, era viajar. não fiques. vai, seja lá onde for. o tipo de trabalho que tem, ajuda. não esperes que alguém te venha buscar. mostra-te. manda-te. não cries raízes. corta-as e, caso não as queiras deixar, leva-as contigo, mas vai! e ele, após alguns anos, foi. deixou-me aqui. por isso somos diferentes. senti-me, na altura, bem. ele foi. eu fiquei. senti-me mal. arriscou. eu não. durante 2 anos esteve longe. para norte. agora está longe. para oeste. isolou-se. das duas vezes isolou-se. escolhe ilhas. ora a norte. ora a oeste. eu estou aqui. e espero que regresse de quando em quando. sinto-me orgulhoso pelo que disse. sei que, em parte, talvez inconscientemente, algo do que lhe disse, lhe ficou e quero acreditar que o influenciou. acredito que sim! mas o meu irmão casa-se dia 15 de novembro e eu fico. sem casar. se da primeira vez, o invejei, desta, não posso dizer o mesmo. respeito a escolha que fez. quer. acabou. é assim que se vê na vida. por isso somos diferentes. ele acredita na estabilidade. eu não. ele quer uma família. filhos. um carro. uma casa. eu não. por isso somos tão diferentes. se da primeira vez senti que o influenciei, desta vez...quem foi? dia 15 de novembro, estarei lá. à minha maneira, como ele me conhece. como eu sou. e quero vê-lo subir os degraus seja lá de onde for e ouvi-lo dizer sim. porque ele quer. e se ele quer, eu também quero! somos muito diferentes. mas no dia 15 de novembro, sou até capaz de deixar cair uma lágrima. por ele. pela minha mãe. pelo meu pai. não desejo o mesmo para mim. casar não é para mim um objectivo. assusta-me. todos sabem disso. eu, melhor que ninguém. ui. mas dizem, a vida é assim. e não posso deixar de lhe desejar o melhor! agora é a minha vez de ir. quem sabe um dia, quando voltar...

preciso de me preparar

presumo que, ou me atiro daqui a baixo, ou fico parado a olhar. o degrau não é alto. o passo é grande. pretendo fazer mudanças na minha vida. mudá-la. mais uma vez. alterei o meu plano. tenho pensado nisto ultimamente. muito. o que quero. porque quero. se quero. onde vou se não ficar. onde fico. a olhar. o que senti, foi que tinha de continuar para meu bem. dei o passo. passo a vida a expor-me. a vida inteira. à dor. aos sentimentos vazios. ao amor. à inconsciência. às curiosidades alheias. à voz dos outros. aos seus pensamentos. entro sem pensar. dou por mim a falar de coisas que nunca tinha sido capaz. sou este - disse. conheces-me? conheço-me? sou este - disse. preciso de ti. és-me necessária. és-me precisa. não preciso do mundo para concretizar este momento. preciso de ti. usar-me, mais uma vez, no limite. explorar-te também, talvez. dou por mim a pensar que desistes. mas não. estás lá, atrás de mim. sinto-te. e dás-me força para continuar. porque tu queres. dizes. também quero. acentuas. vou tentar. olhas-me nos olhos. rio. serei capaz? serás capaz? sabemos que não somos capazes. mas precisamos de acreditar que sim. que sim. que vai ser. os limites passados para lá. para o lado de lá. um fio que atravessa dum lado ao outro e que corta. que faz frio. que vai e volta. que não sai. a preparação. nada aconteceu, mas preciso de me preparar. sei. tento comunicar e não estás. tento comunicar e não estás. repito. não estás. em quem estás? onde? porque estás? fio que corta. frio. desculpa - dizes - estava na cozinha e não...não precisas de explicar. só queria saber se tudo está...sim, está - respondes. ainda não. nada aconteceu. ouço-te, no fundo. eu cá. tu lá.

hoje, particularmente

hoje estou particularmente irritado. se é que se pode estar irritado particularmente. irritado sozinho. fechado. irritado só para nós. egoísmo ao extremo. a minha irritação. hoje apetece-me sair daqui. é um dos dias em que mais me apetece sair daqui. nada aconteceu em particular - lá está o particular a perseguir-me. um dia normal, igual a tantos outros. os pedais da bicicleta trazem-me ao trabalho e levam-me a casa. o almoço espera-me à mesa. os cães olham-me, esperando pela hora de alçarem a pata, ora esquerda ora direita (sim, porque mesmo tendo uma cadela, ela também o faz...com uma técnica particular). lavo os dentes. às vezes uso a sanita, que não foi o caso. faço contas à vida (nunca percebi como é que a matemática e vida podem estar ligadas). apanho pêlos do chão. recebo a mesma chamada de ontem e de amanhã do meu pai. só uma coisa diferente aconteceu. cometi a loucura de levar uns livros que nunca usei - sim, porque eu uso os livros - a um alfarrabista. quanto me dá por estes livros? não os uso, disse-lhe. estão a mais em minha casa. não preciso do dinheiro que me vai dar por eles, mas estão a mais lá em casa. ninguém os usa - repeti. deve ser por isso. inconscientemente deve ter-me afectado. nunca vendi livros. aqui posso usar o nunca. nunca vendi livros. um momento que me alterou, talvez, o resto do dia. desfazer-me das coisas de que gosto custa-me. ainda para mais de livros. mas estes livros não os usava. posso deixá-los e passo aqui logo. abandonei os meus livros. lá. tem uma ideia do preço que quer por eles? não, não pensei sequer nisso. não os uso, por isso. como o facto de nunca os ter usado, lhes reduzisse ou aumentasse alguma vez o preço. nunca foram sequer abertos - disse. menti. ele sabe que menti. passo cá logo, ou amanhã. passo cá quando tiver tempo. tenho sempre tempo. sempre. penso portanto que tenha sido este pequeno momento do dia que me fez irritar. e talvez as vozes no emprego. vozes que se fazem ouvir alto. sem nada para dizer, mas alto. gritam. gritam alto. gritam...alto? não tenho paciência. melhor, hoje não tenho paciência. apetece-me sair daqui, bater com a porta atrás de mim. pegar na minha bicicleta e descer a rua. apetece-me entrar no alfarrabista e perguntar pelos meus livros. não me apetece ouvir dizer que ainda não pensaram que preço têm para me propor. não venho buscar o dinheiro. venho buscar os meus livros. quero usá-los. tem um de religião muito bom. dizem. se não servir para ler, serve para secar o óleo das batatas fritas. as batatas fritas que nunca faço. mas se um dia fizer, estarão abençoadas. estou particularmente irritado. agora só penso em salvar os livros que abandonei. como fui capaz. ai as batatas fritas...

aviso

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