caspa, ou o que me cai da cabeça

14.4.10

3.4.10

pés lavados, mãos sujas

"o papa bento XVI celebrou, na catedral de roma, a missa da última ceia, onde tradicionalmente lavou os pés de 12 religiosos. o gesto lembra a humildade de jesus" - transcrito de um qualquer jornal vendido ontem nas bancas!

mais tarde, vi a cena "transcrita" na televisão! "a humildade toda ali presente" - vi-me a dizer deliciado!

vi o papa, humilde, de joelhos pousados por cima da sua túnica branca de pelo menos 2000 euros. vi o jarro que levava a água para lavar os pés aos 12 religiosos, todo ele humilde, em ouro a brilhar, de uns pelo menos 4000 euros! vi então os sacerdotes, todos eles vestidos com túnicas humildes, feitas de tecidos humildes, de um valor incalculável, sorrindo, com humildade. vi as cadeiras onde se sentavam, forradas com tecidos bordados a ouro, veludos caríssimos, mas todas elas feitas e compradas com humildade! vi-os deliciados, todos eles!


mas vi mais!

vi os sorrisos, os mesmos que esboçam quando violam e abusam, quando escondem ao mundo, quando permitem que se faça, mas nada acusam! vi os sorrisos, por trás daquelas túnicas brancas, que tudo escondem e tudo em anjo transforma! vi os sorrisos, humildes, falsos, crueis, de pessoas que continuam a difundir uma mensagem podre. vi os sorrisos deles, dos religiosos e dos seus votos e actos humildes.

tão doces! tão cínicos!

19.3.10

conclusão

chego a casa. silêncio. levo os cães à rua. silêncio. entro em casa. silêncio. subo as escadas, apago as luzes, deito-me. silêncio. com as paredes não falo, recuso-me. com os meus cães limito-me a fazê-los abanar a cauda. silêncio. apago a luz. silêncio. parece que a vida desapareceu desta casa. parece. silêncio. adormeço, talvez, em silêncio.

18.3.10

família polónia

ando aqui há quase uma semana em conversações com um familiar - descobri há uma semana - de lisboa, que tem tentado a todo o custo fazer a árvore genealógica da família polónia! nem mais!

numa das conversas desta noite e depois de ver o trabalho que o joão já teve, eis que descubro que a família polónia está em portugal - coisa que já sabia, pois há-os em ovar, porto e lisboa (só grandes cidades), mas também - pasme-se - aos montes no brasil e na república dominicana!

então transcrevo aqui parte dum contacto de um familiar, no nosso país irmão:
"fiquei muito curioso, pois eu também sou polónia, mas polonea com "e", erro de cartório. meu pai foi registrado com "e", como disse, mas meu avô, já falecido é com "i", polónia.
alguns primos e tios, também tiveram erros de registro e ficaram como polonio. meus avós paternos eram portugueses e viveram em nova friburgo-rio de janeiro, onde ainda tenho tios, tias, primos e primas. eram mais ou menos 10 ou 11 filhos de antónia dos santos e joão
polónia. meu pai, hermes polonea, um dos onze filhos, faleceu em fevereiro deste ano. hoje já não tem mais nenhum irmão vivo, só as mulheres, umas quatro mais ou menos.
será que tem alguém aí, deste ramo da família. tem muitos anos que não tenho contato com eles"

e acaba assim, desta maneira maravilhosa, vendo-me eu envolvido neste ponto de encontro sem lágrimas, para já, pois ainda não se conhece o local onde todos nos abraçaremos!

quem tiver mais informações sobre a família polónia, não hesite em contactar! agora, também eu estou curioso!

17.3.10

monólogo antes de partir

vou à rua

preciso de ar

estou entalado até cá acima

não consigo sequer engolir

nem em seco

até já

o falsificador

a certa altura da sua vida um homem que sempre falsificara quadros começou a ver mal. estava viciado: começou a falsificar músicas. na morgue, depois de morto, confundiram-no com outro.

gonçalo m. tavares in o senhor brecht

sr.murakami

já escrevi em tempos que não gosto de murakami. ponto. ainda que só tenha lido um livro dele que, pelos vistos, é considerado o melhor - kafka à beira mar - e que tenha achado uma autêntica inliteratura de 600 páginas, estou longe de lhe dar outra oportunidade. não dei outra ao paulo coelho. não dei a oportunidade sequer de ter chegado ao fim do livro com a margarida rebelo pinto. porém, por estes dias, e pensando num trabalho que ando aqui a magicar, fui levado ao murakami, ao haruki - escritor - não ao takashi - pintor. dei por mim então a dar-lhe uma nova vida, a fazê-lo descobrir coisas reais do mundo, ele que tanto inventa do mundo que até nos complica, ele que inventa personagens tiradas do chapéu, sem qualquer justificação, de maneira a dar soluções a coisas que não tem por onde se lhe pegue. assim, o sr.murakami, vai entrar numa viagem para conhecer o mundo, para assentar os pés na terra, para ver o que de melhor tem, para aprender. vai ser levado pela mão de crianças que, ajudando-o, vão explorar um mundo que não conhece, oferecedo-lhe a seguir um "roteiro" daquilo que existe e sobre o qual pode escrever...bem, desta vez! escrevendo tudo isto, tento quebrar a resistência que lhe tenho, podendo até chegar a hora duma segunda oportunidade, adoçando aquilo que sobre ele penso, mudando-lhe a imagem, enbelezando-o, incentivando-o a escrever doutra maneiras e a deixar-se de palermices. é este o sr.murakami que quero. e assim será!

15.3.10

o que vejo

à minha frente autocolantes que defendem os animais...que tentam. um cão que olha fotografado num postal colado na porta do armário. lá dentro, pratos lavados, suponho. um pinto que diz "i'm a rock star" - e eu penso: "quem me dera!". vacas com os beiços contornados de leite, num incentivo ao consumo do mesmo e eu mantenho-os ali, ao longo de todos estes tempos porque, apesar de ser contra, acho piada aos postais e como estão num idioma que ninguém compreende, penso que não faça mal. uma fotografia de barcelona. animais mínimos pendurados numa ventosa noutra porta do armário: um burro, uma tartaruga, uma centopeia. lá dentro, copos lavados, suponho. um pequeno postal que diz i (1 coração) u. uma máquina de lavar roupa branca que abana a casa e as paredes prontas a cair, a qualquer momento. um copo de sumo a meio. uma embalagem de sal. jornal da semana passada e joanna newsom na capa e nos meus ouvidos, enquanto toca no mp3 cor-de-rosa comprado na hungria. um prato com azeite. pão dentro dum saco de papel. tenho comido todo o dia. atrás de mim, os nacos de soja que hão-de servir para qualquer coisa no jantar. dois cartazes ainda que dizem "you can" e "you can fly". olho-os e não sei como me sinto. continuo em frente ao monitor. há dias que é assim, mas não vou a nenhum lado e asas ainda não tenho. "you can fly" - que mentira que me conto agora. e acredito-me um pouco. a joanna newsom continua a cantar "emily". e eu continuo a escrever, porque não há mais nada para fazer. nem isto. se saísse agora de casa, ninguém ia notar!






nunca mais é sexta-feira, para eu ir trabalhar!

in the mood

momento para ouvir beach house

diálogo possível

- vou sair.
- onde vais? posso saber?
- à biblioteca (silêncio) buscar palavras para te dizer.

alguém virá

agora é que são elas. diz-se o que se diz, pensa-se o que se pensa, critica-se e sente-se a culpa, sempre a culpa e sempre do nosso lado. porque dizes? porque pensas? porque fazes? porque é que és assim e desta maneira e pensaste assim...pensei eu. fala-se sem conversar, escreve-se sem olhar, diz-se sem comunicar. as costas viradas. os olhares no monitor que lê o que não se disse e pensa no que não se falou. já não há gestos, há toques. já não há sorrisos, há tremores. já não há olhares, há infinitos. as coisas estão longe de ser. não são. acorda-se e faz-se o ontem. adormece-se e repete-se o ontem. ontem, ontem, ontem. já nada se prevê. nada age. come-se. mais, nem isso. os actos são os normais, no normal dos dias. não chega ninguém com novas conversas. ninguém traz notícias de fora e espreitando pela janela, a vista é a mesma. dum lado, a praça. do outro os carros que passam. por cima, o sol que espreita pela manhã e que raramente entra no quarto, sempre fechado, porque só à tarde se abre para o exterior. enfim, sós. uns dias melhores que outros. dias comuns. lugares comuns. pensares comuns. nada vem de fora. nada se absorve de novo. serão os outros precisos? o prazer dos outros. o gosto dos outros. o silêncio dos outros. o querer e o desejo dos outros. vir. partir. vir. partir. são? é? porque é que és assim? porque pensas? porque sentes? porque dizes? porque não te calas e me deixas em silêncio? porquê tanto? porquê? porquê? canso-me de escrever para conseguir dizer. amanhã será como ontem. lugar. pensar. dia. comum. igual. alguém virá.

10.3.10

susanna and the magical orchestra

soube e fiquei todo feliz da vida, que susanna and the magical orchestra iam voltar a portugal. soube e fiquei feliz da vida! soube e soube logo de imediato que iria vê-los, mas ir a lisboa era coisa que não me dava mesmo jeito. então decidi-me a vasculhar...minto, foi a tanya que se antecipou e cuscou por mim, quando eu disse: "ui" - sim, disse ui, "não sei se o pb não os programou já no theatro circo, antes de sair" e, dito feito...programou mesmo! mas as boas notícias da tanya não se ficaram por aí e disse-me: "mas sabes? também vão estar em ovar, no centro de arte!" - "claro" - respondi (há pessoas que vão perceber este claro melhor que outras) e fiquei ainda mais feliz da vida!

não só estão mais perto, como posso ir vê-los novamente a braga - a primeira vez que os vi, senti uma sensação de me afundar na cadeira, ficar cidrado na voz dela e nos sons que andavam por ali, a acalmar-me ao mais radical da coisa e foi dos melhores concertos da minha vida - e a ovar!

o mesmo, duas vezes!

9 Abr 2010 20:00
Centro de Arte Ovar
10 Abr 2010 20:00
Theatro Circo Braga Braga
12 Abr 2010 22:00
Teatro Maria Matos Lisbon

escrito por leonard cohen, deixo aqui uma das minhas músicas favoritas - hallelujah - interpretada por susanna and the magical orchestra. sentem-se e ouçam. divinal!


1 ano menos 9 dias depois

foi há quase um ano que escrevi pela última vez neste blog e a justificação desta ausência prende-se com a viagem que fiz durante 9 meses, mas também em toda a "planificação" antes e o rescaldo, depois. durante a viagem, senti necessidade, muitas vezes, de ter uma coisa só minha que continuasse a ser uma exposição daquilo que ia sentindo, querendo, desejando, pensando, mas o tempo era escasso e este blog ficou sempre para 6º lugar...com mais 5 à frente, que não me lembro exactamente do que foi neste momento.

agora, voltei a ele e a linha, apesar de ser a mesma, pretende ser diferente. igual, mas melhor. com os mesmos assuntos, mas outros. vai falar mais, contar mais, reagir mais ao meu dia-a-dia e aproveitar que me é dada esta chance e não falar só de coisas que me fazem torcer o nariz, repuxar o sobrolho ou colocar a boca de ladeiro. nada de intelectualidades. a realidade aqui e já. aqui vamos!

música, livros, pessoas, intimidades, pensamentos, teatradas efermas, problemas e afins. quem quiser sair, que o faça neste momento, porque a partir de hoje, nem eu sei o que vai acontecer.

(isto foi só mesmo para abrir a curiosidade, fazer crescer água na boca, porque eu sou uma seca e tudo vai continuar parecido...)

18.3.09

dias a crescer

uma sugestão para um fim-de-semana diferente. em guimarães, no centro cultural vila flor, 2 dias abertos à comunidade onde decorrerão actividades várias, tudo gratuitamente! vai ser festa todo o dia! espreitem bem o programa em...

site

e apareçam, porque sem gente, esta festa não faz qualquer sentido!

12.3.09

dias felizes

há tanto tempo que não escrevo neste blog, que achei por bem esperar até ter uma boa notícia e ela aqui está: hoje foi o meu primeiro dia de praia! é verdade! 12 de março e o rafael a fazer praia! esteve um dia espectacular, senão mesmo espectacular! depois de uma voltinha de bicicleta de manhã, um banhinho bem tomado e um almoço pintarolas, foi altura de esticar a toalha na praia e estender-me ao sol até que o vento se fizesse frio! estes dias de sol estão a saber-me a bolo de chocolate (acho que já usei esta expressão uma vez, não?). amanhã vai ser dia de teatro: fragments, de peter brook em guimarães no ccvf. vai ser a minha primeira experiência como espectador nesta casa, já que aqui, sempre vi todos os espectáculos de lado! agora vai ser de frente e logo a acabar em beleza, com peter brook! no entanto, ainda de manhã, vamos ter uma reunião com uma empresa para ver se estão interessados em apoiar a nossa viagem! tomara que sim! acho que pela noitinha/madrugada, já teremos mais notícias! até lá...ansiedade!

5.3.09

eis-me em letras

já me havia divulgado em sons e em películas. chega agora o momento de me divulgar em letras! não tenho um estilo certo, como já se pode observar nos outros assuntos. leio com prazer e são alguns os autores que tento seguir mais atentamente do que outros. o que me interessa não é do que falam, mas como falam, como se exprimem e, claro está, a maneira como o fazem. leio uns porque lhes acho a escrita divertida. outros, porque a sua escrita me deixa a pensar. outros ainda, porque os descubro por acaso ou alguém em que confie - a nível literário - me aconselhe! não acho que já tenha lido todos os livros de algum deles. não posso dar a certeza. lapsos! os nomeados são:

italo calvino, de onde destaco o meu livro preferido - cidades invisíveis; josé saramago, desculpem-me aqueles que não gostam mesmo nada, mas este homem é um génio; patrick suskind, que admiro imenso e que sim, a única obra que ainda não li, foi o perfume; paul auster, de quem sigo também a obra cinematográfica; peter singer, claro está, ou não fosse este um dos meus "gurus" a nível do pensamento e discussão de problemas tão grandes como os direitos dos animais, das pessoas, a injustiça, a globalização, concluindo, a ética; gonçalo cadilhe, não pela maneira como escreve, já que nem o considero escritor, mas sim sobre o que escreve. as viagens são uma coisa que me fascina particularmente e o facto de um português viver disso e partilha-las com quem as quiser ler, agrada-me! gonçalo m. tavares, sem dúvida nenhuma o escritor português que vejo com mais futuro, mais inteligente na maneira como escreve e que o faz de uma maneira tão imensa, que o faz do teatro (que não gosto particularmente) à poesia, passando pelos livros para a infância e os romances. aconselho, sem dúvida alguma, os livros pretos, pela ordem de saída.

fora de todas as minhas escolhas, estão sem dúvida 3 nomes. dois deles porque acho os livros muito maus, que são a margarida rebelo pinto e o paulo coelho (se alguém conhecer uma lei que proiba as pessoas de editar livros, avisem-me) e outro porque, como dizia a editora da tinta da china, "não tenho paciência para o universo de araki murakami". tenho dito!

dias assim

com esta chuva, que pareceu voltar sem ter sido pedida por ninguém - pelo menos que eu tenha conhecimento - não me apetece fazer absolutamente nada. durmo até tarde, vagueio-me pela casa de chinelos e calças de pijama sem elástico, com uma camisola que, apesar do meu aspecto decadente, continua a mostrar os ideais pelos quais luto. almoço tarde um seitan delicioso acompanhado de arroz branco. escrevo. vejo televisão, coisa que raramente faço e que só mesmo o facto de não ter o que fazer, me faz ligá-la, como se de uma necessidade fosse. colo-me ao ecrã do computador e escrevo as minhas memórias das índias e imagino-me a publica-las daqui a uns tempos, para alguém que as queira ler...será que alguém as quer ler? é o que me resta do dia. rir-me com as mihas aventuras, com coisas que, julgava eu, já me havia esquecido. saio de casa porque me obrigo a tal. levo com vento na tromba. ponho gasóleo no carro. faço contas à vida. este mês esbanjei dinheiro sem fim. deu-me cabo do salário mensal e ainda só vou no dia 5. ainda para mais, fevereiro é o mês mais pequeno. recebe-se menos, há o carnaval e lembro-me agora que ainda não paguei as contas do mesmo a quem de direito. ligo-me à internet num café da zona, porque já não tenho internet em casa a toda a hora. contenções no orçamento! estou morto por voltar aos treinos de bicicleta (aqui) nesta viagem que me há-de levar ao mundo inteiro, assim o espero! este tempo sem fazer nada, dá-me ainda para pensar no futuro, coisa que raramente faço. já ando para aqui a remoer os cordelinhos com um futuro emprego que, só de pensar, me sabe a bolo de chocolate! e que bem que sabe! teatradas efermas? não! está ligado a viagens, claro está! mas o segredo, neste caso e só neste, é a alma do negócio! continua a chover...

25.2.09

o pior de sempre

comecei a entender isto do carnaval, esta coisa de sair à noite com os amigos, de beber uns copos, de nos rirmos, de cumprimentarmos quem não conhecemos, de falarmos pelos cotovelos, um pouco tarde. no entanto, desde que compreendi que esta festa, e cada vez mais, não sei se felizmente, em ovar, é de partir com tudo, sempre me diverti à grande e, usando o cliché, à francesa! o total bordel instalado. sem palavras.

este ano, e falo da segunda para terça, que tinha tudo para ser perfeito, pelo facto de estar pronto para fazer uma grande viagem e por isso estar feliz, o facto de estar de férias, de termos tido uma fantasia espectacular de avestruz, de a noite estar quente, de ter gente por todo o lado, risos, conversas trocadas, experiências...foi o pior de sempre. estou revoltado, triste, frustrado, na merda, apesar de já ter passado quase um dia, este misto de sentimentos não me sai da cabeça. apetece-me fazer um rewind e gozá-lo outra vez, mas desta vez, tendo mais respeito por mim.

estou irritado. tenho dito.

20.2.09

e depois do adeus...

amanhã, dia 21, será o meu último dia de trabalho em guimarães. hoje, além do normal trabalho que tive, vi-me obrigado a despedir-me das pessoas através de um e-mail colectivo (que coisa tão foleira). fugi da lamechice o mais que pude, mas mesmo assim, houve lágrimas que cairam e apertos no coração. foi dia, também, de arrumação. a minha secretária, será doutra pessoa. será? espero que sim, para bem do teatro, da equipa e da boa sanidade mental de todos. não acredito é que a pessoa que vier, consiga ser tão chata e falar tanto quanto eu! como me orgulho! mas como dizia, foi dia de arrumação. há muito que via em filmes, as pessoas levarem para o emprego um caixote de cartão, no seu último dia. lá, perante o olhar triste dos colegas, sempre numa filmagem cinzenta e com raios de sol - os últimos? - a entrarem pelas persianas há muito por lavar, entravam todas as memórias dos últimos anos. os papeis sem interesse, o agrafador, as canetas, os separadores, as fotografias da família sempre com molduras de cortar os pulsos na vertical. tudo, mas tudo cabia num caixote, num simples caixote de cartão. hoje, perante o olhar de um ou outro colega de trabalho, decidi fazer o mesmo. imaginei o realizador ao longe e peguei num caixote e comecei a enchê-lo de memórias. a diferença, prende-se só na falta das janelas no nosso gabinete, no cinzento - pois conseguimos manter aquele verde fosco e irritante das fluorescentes - na falta de fotografias de família dentro de molduras horribilis dictus e no simples facto de um caixote não ter servido para colocar tudo. ou seja, tive que pegar noutro, o que estragou este meu fascínio hollywoodesco de ser possível utilizar só um. aparte disso, tudo foi normal. chegada a hora, coloquei os caixotes no chão - diz a tradição que só se levam no último dia - lancei um até amanhã saudável para o ar e saí, aos pinotes, como sempre faço, salvo rara excepção! amanhã, pego às 14h30 e arreio às 24h - finalmente consegui utilizar estas duas expressões tão portuguesas num dos meus posts! e depois? depois, o carnaval far-me-á esquecer as últimas mágoas! que seja...

a esquerda

ontem estava com uma dor estranha no pulso esquerdo. rodava-o, torcia-o e ele doía-me. hoje, já está melhor. não sei o que se passou, mas às vezes dá-me destas dores. lembrei-me então, num dos momentos em que me queixava do pulso, ai ai ai, das duas vezes que fracturei o pulso, o mesmo, o esquerdo.

uma, a correr para casa, para ver se um primo lá estava, esgalhando avenida abaixo, qual carlos lopes da velocidade, quando um carl lewis - ele sim, rápido - sem fazer pisca, me passa pelo lado esquero, não sem antes me dar um toque no pé que se precipita sobre o outro pé e me faz voar, vuuuuhhh e aterrar de tromba no chão, com o braço esquerdo a proteger! resultado? fractura no pulso! em pleno verão! três vivas! viva! viva! viva!

a segunda vez, e para não fugir ao assunto: família - passeava-me com a minha prima (irmã do meu primo da primeira história), de bicicleta feliz, contente e satisfeito quando olho subitamente para a minha mão esquerda e vejo pousado, a apanhar boleia, um grande gafanhoto verde! não tenho medo de gafanhotos, assim como de nenhum animal, mas não me tendo apercebido do que se tratava, a reacção manifestada pelo meu corpo de expulsar tal ser dali, fez com que não retirasse a mão do guiador, mas sim, fizesse um gesto veloz e brusco com o braço que, ao dobrar, fracturou-me o pulso! em pleno verão! três vivas! viva! viva! viva!

isto levou-me a outras histórias, no mínimo bizarras, que me aconteceram e acontecem, que me deixam a pensar.

lembro-me também de uma vez estar a preparar uma campanha da animal, já eram quase duas da madrugada, quando entusiasmado, mas ao mesmo tempo cansado, com um x-acto na mão, dividia folhas a4 em a5. aquilo é que era cortar...sempre a cortar! até que chegou o segundo em que, realmente tinha passado o x-acto, mas a folha continuava a4! não podia acreditar em tal coisa...eu sentira a ferramenta a fazer todo o circuito até ao fim! apercebi-me uns segundos mais tarde que sim, tinha realmente cortado, mas não as folhas, mas o dedo! parte do meu dedo, jazia sobre a mesa e eu, estupfacto, tentava arranjar solução. e qual foi a mais óbvia? tentar colar (???) a parte caída ao dedo anormal. não deu! levantei-me então e, decidi colocar o dedo debaixo de água fria (nunca se faz). até aí sem sangue, este começa a correr a alta velocidade! e eu, não contente, ainda começo a fazer exercício! ora flete as pernas, ora estica, flete, estica! resultado? o sangue não parava e eu cada vez mais fraco! solução seguinte? telefonar à minha mãe! não atendeu! o rafael que pensou então? cair, pois já andava aos tombos com a quebra de tensão, em frente à porta da vizinha e depois ela que se desenrascasse! mas a tarefa que parecia simples, tornou-se complicada. o corredor transformou-se num caminho sem fim, as paredes atravessavam-se à frente e eu via tudo a andar à roda...não desmaies, não desmaies...e não, não caí para o lado. o que não estava a contar, era que a única esquina do corredor se atravessasse à minha frente e me fracturasse a cabeça! lindo! 9 pontos no dedo e 4 na testa! três vivas! viva! viva! viva!

lembro-me ainda da mordidela que o cão da minha ex-namorada me deu, em pleno lábio à mesa da cozinha, que me arrancou parte deste, no lado esquerdo, e que me obrigou a ir para o porto dentro duma ambulância, a ser cozido por uma estagiária e a fazer uma operção plástica mais tarde, qual lili caneças, sem silicone! três vivas! viva! viva! viva!

recordo-me ainda doutros males menores, mas não terão lugar a destaque. a conclusão que chego no fim disto tudo, é que tenho uma queda para o lado esquerdo. tudo o que me aconteceu e acontece (fora a rachadela na cabeça) foi no lado esquerdo. tudo me dói do lado esquerdo. e por incrível que pareça, quando choro, só caem lágrimas do lado esquerdo! eu já sabia que era de esquerda, mas tanto, também não. é que não gosto de extremismos...mas a esquerda, é-me sempre mais marcante! faz com que as coisas mudem e evoluam, seja na política, na sociedade, nas ideologias ou mesmo, no corpo!

16.2.09

blogs ao sol

aproveito estes dias de sol para me colar ao computador, com a luz pela frente, a percorrer a net em busca doutros blogs. cada um faz o seu, cada pessoa escolhe o seu tema, cada uma escreve o que quer, escolhe o formato, escolhe calar-se para sempre, ou escrever diariamente. percorro-os e são raros aqueles que aponto o dedo e grito bem alto (porque gritar é necessariamente alto)...

sim, tu és bom!

...e esses, leio-os duma ponta à outra, desde os arquivos mais infinitos ao presente! com um sorriso nos lábios...qual vouyer! gosto de saber-lhes o dia a dia, as intimidades, o silêncio. gosto até, em raros casos, de lhes oferecer prendas, não porque os conheço, mas porque o que escrevem, faz-me sentir bem! faz-me viajar até eles todos os dias, e conhecê-los melhor. faz-me ter a sensação de que, se os encontrasse por acaso um destes dias, conversaríamos numa mesa de café pela noite adentro, como se de longa data amigos fossemos! a esses, e porque hoje está um dia de sol tãobomtãobomtãobomtãobomtãobom (estou a plagiar um outro blog) dedico este post! que escrevam e me deixem espreitar-vos para todo o sempre!

fotografário
dias assim
hiperbólicamente falando
notas de bom comportamento
reticências e outros etceteras

...há outros, claro está, mas nestes, sou um pouco viciado, confesso!

12.2.09

resta-me escrever

hoje é dia único. dia 12 de fevereiro de 2009. às 12h recebi um telefonema onde me disseram: olha, tenho a impressão que entras de férias 2ª feira. - o quê? a próxima? - sim, a próxima. a advogada diz que tem de ser. - ok, não posso dizer nada. isto é como um jogador perante o treinador, se o mister diz que fico na bancada, eu respeito, apesar de poder não compreender.

e foi assim, o meu fim de manhã. não sei se triste. não sei se livre. não sei se desencontrado com a vida. com o mundo. comigo próprio. perdido. já sabia que não havia volta atrás. quando tomo uma decisão, em princípio será para sempre. mas quando nos apercebemos dela, ficamos por vezes petrificados. eu fico. esperava ir embora mais cedo que o fim de março, mas não tão cedo. não assim, sem ninguém para me substituir. não assim, em que desempenho um papel numa equipa, numa instituição que não é o intermarché e não estão, propriamente, a substituir um caixa. todos somos importantes cá dentro. e estou, sinceramente, preocupado. a equipa não está preparada para a minha saída. a instituição não tem consciência disso. é como querer ser-se vegetariano. tem de existir um período de adaptação. aos poucos. deixando-se isto, depois aquilo, até que aprendemos a viver doutra maneira. com o trabalho que desempenho, é a mesma coisa. sou o único cá dentro a fazer isso. e não vai haver tempo de adaptação a nada, a ninguém, com ninguém. estou perdido por causa disso e só por isso. a viagem, é uma coisa que desejo há anos e não estou arrependido. só espero que me compreendam.

não sei porque escrevo tanto sobre a minha vida. se calhar tenho necessidade de a partilhar, muitas vezes, porque não sei viver sozinho. se calhar, como dizia um amigo meu, é isto das modernices, fazer dos blogs o nosso diário, aberto a toda a gente. quem sabe? eu que nunca tive diário, sempre falei para o ar. agora escrevo-me. e sinto-me perdido.

8.2.09

cet petits riens

só para informar que decidi fazer um blog só de fotografias. há muito que andava com esta ideia na cabeça, mas tinha que fazer algum sentido e sair tal como imaginava. não cabia no caspa, pois era sobre divagações. não cabia no sobrerodas, porque era sobre a nossa viagem. não cabia no doisnumundo, porque era sobre nós. assim sendo, teve que se inventar um só para fotografias. não ficou tal e qual como queria, mas aos poucos e poucos...cliquem aqui!

5.2.09

os poetas de blog

dizia-me hoje um amigo, que havia espreitado um blog e que logo que vira poesia (ou a tentativa de...) carregara logo na cruz e fizera-o desaparecer em dois instantes. concordei com ele, pois ultimamente tenho andado de um lado para o outro a ver e rever blogs alheios e são imensos aqueles que me fazem logo premir a cruz vermelha. vamos lá a ver. não é por eu querer e sonhar ser poeta, que sei escrever poesia. nem por eu querer e sonhar ser fotógrafo, que sei tirar fotografias. ou cantor, só porque até acho que tenho jeito. há pessoas mesmo sem jeito nenhum. e não vale a pena insistir. ou será que acham que a poesia é escrever umas frases sem pontos finais, a dizer barbaridades sobre o amor, que a saudade torna o céu cinzento, e que o beijo que me faz falta é como um lírio que não abriu num dia frio de novembro? não, a poesia não é isso. eu, que não sou poeta, sei-o bem. mas eu não quero ser poeta. já foi tempo em que me sentava sozinho na minha solidão - porque achava que os poetas eram seres fora do mundo e que tinham de estar sempre sozinhos - e com aqueles cadernos que os merceeiros usavam para apontar quem devia dinheiro, de capa grossa - porque é esta a imagem que o poeta tem, de andar sempre com um livro de apontamentos atrás - e olhando o fundo do nada, com os olhos desfocados, me lembrava da meia dúzia de palavras que achava que faziam sentido ligadas umas às outras. ou melhor, que menos faziam sentido, porque a poesia para mim, era mesmo isso. dizer coisas. tudo cá para fora. vomitar palavras..."tempo que esperas. nuvens de fogo que não ardem. olhos penetrando o vazio de ti"...blá blá blá. este tipo de coisas que não interessam a ninguém, muito menos a mim, mas que achava bonito. epá, sou bestial. até que nem é difícil, esta coisa de ser poeta! felizmente, um dia, olhei para aquilo e tomei noção que talvez fosse melhor dar a minha carreira como potencial poeta, por terminada! foi o melhor que fiz! a humanidade, ou aqueles que um dia olharam para aquelas palavras, agradecem! o que acho piada no meio disto tudo, é o facto de as pessoas não conseguirem ser nossas amigas o suficiente para nos dizerem: r., não tens mesmo jeito para esta coisa. a tua tentativa de poesia é realmente uma bosta. - porque continuam a dizer: r., como consegues chegar tão fundo? essa tua maneira de interpretar o mundo, a visão das coisas. das melhores coisas que li. é lindo! - mas é lindo o quê? ainda bem que nunca mais escrevi. agora vá meninos e meninas. revejam os vossos blogs, a vossa escrita, a vossa maneira banal e ridícula de ver as coisas e pensem. serei eu mesmo bom a escrever isto? se calhar saio-me melhor se me virar para a pintura de viaturas automóveis...quem sabe!

eu? eu só quero poder continuar a escrever barbaridades! tem uma certa...poesia!

2.2.09

receita para um dia de sol

hoje está bom - ouço dizer na rua mal abro os olhos - e apesar de ser já tarde, salto da cama e para o sol, com os olhos ainda inchados! amanhã à tarde as temperaturas voltam a descer, os ventos fortes regressam, a neve acima dos 800 metros - ouço mais tarde. corro rua abaixo com os meus cães, viro a cara para cima e fecho os olhos. aproveito todos os raios que consigo receber. e não rodo sobre mim próprio, mas a vontade é imensa. apanho o resto da roupa que tenta secar há 3 dias e cozinho:

- num tabuleiro de ir ao forno, coloca-se 90 gramas de manteiga e deixa-se no forno até derreter;
- junta-se à manteiga 2 colheres de chá de cominhos moídos, 2 colheres de chá de coentros, 1 colher de chá de açafrão das índias, 1 malagueta pequena, um pouco de sementes de mostarda preta e 2 dentes de alho esmagados;
- mistura-se tudo para ficar um composto homogéneo. depois de colocado no forno e de ferver, mistura-se 8 batatas cortadas aos cubos e mistura-se no molho de modo a ficarem todas por igual e leva-se ao forno durante 25/30 minutos!

- à parte, corta-se tofu às fatias não muito finas e tempera-se com pimenta preta, só.
- numa frigideira, coloca-se um pouco de azeite e meia cebola e um tomate pequeno cortado aos bocadinhos. metade de um caldo de legumes (atenção, caldo de legumes sem frango...leiam os ingredientes). logo de seguida, põe-se o tofu e o lume no mínimo.
- depois de virar a primeira vez, corta-se tofu fumado aos cubinhos e deita-se por cima, deixando estar assim durante 10 minutos.
- quando se desliga, distribui-se um pouco de gengibre em pó por cima do tofu!

- serve-se quente...e bom!

ainda não almocei, mas cheira divinalmente! ouço anabela duarte e o excelente albúm machine lyrique, que acabou neste preciso momento. para não fugir ao estilo musical, coloco boris vian chante boris vian. o sol continua lá fora. a tempestade vem além, mas este dia é meu! hum...

troca de palavras

um estranho aproximou-se e perguntou-me se era meu costume passar por ali. ali, naquela rua. ali, àquela hora da noite. se era costume. se nunca vira uma mulher, uma maria ou cristina - não me recordo - a conversar, lá do cimo da varanda, com um homem, cá em baixo. um homem, o ex-marido, disse-me. era meu costume, sim, passar ali, não querendo dizer que fosse sempre a esta hora, mas que nunca reparara em tal mulher cristina ou maria, nem em nenhum ex-marido. que ela era mais velha, que era divorciada e que há dois anos que estavam juntos, mas que agora ela tinha voltado para casa da mãe, essa cristina ou maria e que ele sentia muito a falta dela, mas que desconfiava que o ex-marido andava por ali e que até lhe viu o carro e que correu atrás, mas que fugira. estivera preso e que só lhe apetecia entrar por ali dentro e estrangular a cristina ou maria, ou seria carla? que a mãe que era uma pobre coitada de cadeira de rodas lhe dissera para não pensar mais nela. que não o merecia. e eu dava-lhe razão, à mãe. mas que não aguentava o ciúme, a falta, a troca. que era homem. que ia subir à varanda. que ia matar a cristina ou maria, ou seria carla? não faças isso - pedi-lhe - estragas a vida. vais preso outra vez, mais uma vez. que ela não o merecia. eu nem o conhecia. e dela, nem sabia da existência. a casa pareceu-me sempre vazia. que não sabia o que fazer e que se fosse eu, o que faria. corria - disse-lhe - corria muito e cansava-me. assim, ao chegar a casa, caia e dormia e não pensava mais nela. na carla ou cristina, ou seria maria? que ia fazer o que lhe tinha dito, mas que reparasse bem, num destes dias, se a varanda não se ocupava de nenhuma mulher, o chão de nenhum ex-marido e o ar de nenhumas palavras de aproximação, conquista, paixão. e desapareceu, rua acima, num passo rápido, que não era de corrida. ser estranho. indecifrável. desbotado. o zé.

1.2.09

dia de sorte

já lá vai o tempo em que tinha a mania, antes de sair de casa fosse para o que fosse, de me afastar do alvo 3 metros e com apenas 3 tentativas, tentar acertar no meio mas, qual menino que apaga as velas mas antes pede um desejo, pensava numa coisa para mim que queria muito que acontecesse e quanto mais dardos acertasse no meio, mais possibilidade tinha de o pensamento se realizar. fazia-o para ter um dia bom. fazia-o para pedir sol. fazia-o para um espectáculo me correr bem. fazia-o para não me chatear. fazia-o para ser mais feliz. fazia-o para encontrar aquela pessoa. agora, que parti todos os dardos, resta-me o alvo e muitas vezes olho para ele com alguma nostalgia. o meu ditador da sorte, há muito encostado, pede-me uso. tenho andado com vontade de jogar o dia a dia outra vez. mas enquanto a minha preguiça não me permitir, deixo uma fotografia para não me esquecer do dia em que tive mais sorte, sem ter sequer pegado nos dardos. cheguei a casa, depois de um dia inteiro fora e eles estavam nesta posição, logo naquele dia, em que tinha pensado todo o dia na mesma coisa! o mais bizarro, é que nunca descobri quem jogou esse dia por mim.

31.1.09

outro dia igual ao outro

um sol envergonhado acordou-me e tenho a sensação que vem aí uma tempestade. saio da cama e deixo-a aberta, na esperança de mais alguém sair de lá. não desligo o esquentador. alguém se seguirá. compro pão a mais. faço o almoço em demasia, mas sento-me à mesa sozinho. assim como me sentarei hoje ao jantar. tenho o frigorífico cheio de coisas e muitas, sei-o, estragar-se-ão sem alguém que as coma. ouço a banda sonora do filme gadjo dilo e sinto-me estranho. decidi estar sozinho hoje. não quero que alguém se meta dentro de mim. mas tenho sempre a esperança que ouvirei bater à porta e trarei para dentro de casa, outra casa igual! não estou triste. apenas um pouco incomodado com os dias. com estes dias. alguém virá?

30.1.09

a perfect day

acordei às 9h20, quando pensava que tinha posto o despertador para exactamente uma hora atrás. o dia estava cinzento, desbutado que continuou até a luz desaparecer e os candeeiros ficarem amarelos. choveu até ao teatro. entrei tarde. na primeira coisa que fiz, dei com a parte de cima da cabeça na parte de cima duma entrada e ainda estou com dores de cabeça, além do alto enorme, claro. apanhei chuva até casa no almoço e chuva de regresso ao emprego. entreguei a carta de rescisão de contrato. faltava gente no palco para tudo o que era preciso. fazer óperas, é das piores coisas que existe. e chatas. a hora de sair era às 19, mas ficou adiada para as 21. apanhei chuva até ao carro, estacionado à porta de casa. fui comprar tofu, seitan, frutas e legumes. a minha alimentação, basicamente. gastei dinheiro. de volta a casa, o espaço do meu carro, tinha outra viatura. dei voltas e voltas. tinha a parte de baixo das calças e os ténis molhados. dei a volta com os meus cães à chuva. fui ver se as gatas da minha vizinha estavam bem. voltei a casa. pus os lençois da casa da tanya em beja a secar. a secar? comecei a fazer o jantar às 22. não estive com os meus convidados, um pai e filha belgas que estão cá em casa, porque já estavam a dormir. jantei. lá fora chove. nota-se o cinzento, apesar de escondido. aqueço o quarto. visto o pijama. os meus cães olham-me e acusam-me de ter passado pouco tempo com eles, hoje. a tanya está a jantar com uns amigos e há 3 horas e tal que não me diz nada. que bebida forte, que jogo viciante, que jantar divertido, que filme interessante, que serão importante estarão a ter para não me ligar nada? logo hoje, que o dia correu tão bem!

28.1.09

dia de aprendizagem

hoje, dia 28 de janeiro de 2008, foi dia de aprender. de deixar de ser ignorante num assunto mais. o facto da tanya ter vindo viver para beja, criou uma dúvida dentro de mim. a princípio um pouco em choque, aos poucos e depois de me ter dito - pesquisa - uma segunda vez, dei por mim a ler e reler sites na internet, vídeos e tentar ler mais sobre o assunto. chego a uma conclusão e é uma das razões porque prefiro não ter televisão em casa. já tinha chegado a essa ela há algum tempo, muito mesmo, mas isto só vem dar-lhe peso. os meios de comunicação deformam-nos a cabeça. fazem-nos acreditar no que eles querem e tiram-nos as opiniões possíveis. tiram-nos aquilo que de melhor temos, a liberdade para procurar saber mais, porque fazem-nos crer que tudo está ali, transparente. não está. e se já tinha chegado a essa conclusão quando falam dos vegetarianos, defensores do meio ambiente e dos direitos dos animais e sociais, fazendo-nos passar por vândalos. se já tinha chegado a essa conclusão, quando vejo desfiles de orgulho gay, em que no meio de milhares de pessoas ditas normais (gays homens ou mulheres, travestis, transexuais e apoiantes da causa) a única coisa que a televisão mostra, é aquela dúzia de bichas loucas que são, para o comum mortal, a imagem deste movimento. se já tinha chegado a essa conclusão quando falam de ataques de cães ditos perigosos a pessoas, e nunca pesquisam e mostram o porquê desses cães serem assim. então esta última é, também ela, escandalosa. senti-me enganado durante anos e não espero com este post repôr a verdade, mas sim tentar abrir a curiosidade e depois, cada um tirará as suas conclusões. como eu fiz. e esta é o assunto que me traz aqui hoje e a que dei o nome de: dia de aprendizagem!

o movimento skinhead é, para a maior parte do comum mortal, como eu (até há uns dias atrás) um movimento violento, que assenta os seus ideais em causas racistas, xenófobas e fascistas. no entanto, depois de alguma pesquisa, cheguei à conclusão que este movimento é tudo, menos racista, xenófobo, violento e fascista! depois de muito ler, como já tinha dito atrás, dei comigo sentado a ver um documentário que se dá pelo nome de "
skinhead attitude" realizado por daniel schweizer. neste filme, a certa altura o vocalista de uma banda diz: "se és racista, então não podes ser skinhead, porque os skinheads nunca existiriam, sem a jamaica". e é esta a frase que muda tudo. este movimento nasceu nos anos 60 em inglaterra, com base na música reggae e ska. este sim, é o verdadeiro skinhead! o skinhead que os meios de comunicação passam, é um movimento que nasce em meados dos anos 70 com causas racistas, sobretudo anti-paquistanesa, assentes na música punk e que se alastrou pelo mundo, estragando assim a imagem tradicional do movimento original. com este aparecimento, surge também a violência dos falsos skinheads contra o movimento original que, com base na música ska e reggae possui, claro está, skinheads de raça negra. surgem então grupos de defesa dos skinheads anti-racistas e anti-fascistas, como é o caso da sharp. é interessante ver, como aliás em diversos outros assuntos, a diferença de atitude entre o "falso" e o "verdadeiro". entre o que é "puro" e o que é "arraçado".

o que espero com isto, não é mudar a cabeça das pessoas, mas sim combater preconceitos. lutar contra a falta de interesse e a rendição completa aos meios de comunicação. porque ser ignorante, não é mau. o que é mau, é ser-se ignorante e não querer aprender. depois deste dia, o de aprendizagem, sinto-me mais...melhor...bom! diferente, enfim.

27.1.09

acho que sim

ando nisto há anos, neste pensamento. nesta ideia de liberdade. nesta discussão interna. a discussão do acho. não são duas nem três vezes por dia, que ouço alguém dizer: (tem sempre que começar por um ai) ai, eu acho que...eu acho que aquele...eu acho que deveria...eu acho... - e eu questiono-me. o que é isto do eu acho? nada é feito, sem que alguém ache alguma coisa. o ser humano não é capaz de acatar, por si só. tem de achar. tem sempre de dar a sua opinião. sempre. nada está como deveria estar. nada é como deveria ser. ai, eu acho que não está bem. ai, eu acho que ele deveria mudar. olhem, eu acho que as pessoas só acham, porque não têm que pagar. senão, não achavam merda nenhuma! se quando a boca abrisse para pronunciar um "ai, eu acho", um cobrador de opiniões estivesse presente e dissesse: para achar sobre isso, tem que pagar 2 euros. 2 euros? deixe estar, está perfeito! e outro, quase ao mesmo tempo: "ai, acho que..." - vai achar sobre quê? - sobre a vida. ai sim? mas achar sobre a vida, é uma coisa que, além de vaga, é cara. só para achar sobre isso, tem de pagar, no mínimo 7,5€! essa quantia para achar sobre a vida? deixe, acho que a vida é linda! e assim, caros seguidores, tudo seria mais perfeito, mais optimista! eu que escrevo e acho, porque ainda não tenho de pagar, acho que o mundo seria muito melhor se ninguém achasse nada! tudo estaria sempre bem! não haveria cá tretas de pessoal a dar para trás. é que o maior problema, nem é o achar, é o ai, que se continua a insistir em colocar antes de qualquer opinião. se abandonássemos essa tão longa tradição portuguesa de colocar ais por trás de tudo, acreditem, seriamos bem mais felizes! eu acho que sim!

26.1.09

o medo

estou em beja. sentado na cama. o aquecedor a óleo aquece o pouco espaço que há. tenho os pés frios. decidi arrumar o quarto à tanya, que é uma menina muito prendada, mas às vezes falta-lhe jeito para decoração! os livros que tinha sobre a cómoda, coloquei-os ao alto. os livros querem-se erguidos, não deitados. um livro deitado, é um livro que não interessa, um livro morto. um paulo coelho ou uma margarida rebelo pinto, é um tipo de livro que, a ter, deve estar deitado. agora livros de peter singer ou gonçalo m. tavares, são livros que têm que estar levantados do chão! quando colocava os livros, no entanto, dei por mim com "o medo" de al berto. um livro que, mais do que estar levantado, erguido, mais do que grande e forte, é um livro único e por isso, tem de estar destacado. e foi neste destaque que lhe quis dar, que o problema surgiu. destacá-lo, é colocá-lo com as páginas viradas contra a parede e a capa virada para fora. acontece que destacando-o desta maneira, ele servirá para segurar os outros livros, para que estes não caiam, já que além de tudo o que este livro é, tem também muitas páginas. al berto a segurar os outros, não era al berto único, como só ele deve ser. al berto a segurar os outros, é um livro que não deixa cair. colocá-lo, porém, por cima dos que estão na horizontal, é atribuir-lhe um espaço que só os desinteressantes merecem. fico bloqueado por momentos. não é desespero, mas preocupação. estas coisas que, para grande parte das pessoas são questões sem importância, levam-me tempo a decidir. ponderação. nunca colocaria um livro numa casa de banho. na cozinha, só os que lhe são dedicados. perto do quarto, peças de teatro e pequenas histórias. na sala, dum lado arte, do outro romance, nunca os dois juntos. na entrada, coisas ligadas à fotografia. no quarto dos convidados, os livros de viagens, porque é neste quarto que vejo chegar e vejo partir pessoas de todo o mundo. mas al berto, no quarto da tanya, onde podera repousar? sozinho, talvez. sozinho como sempre esteve. isolado. dentro do seu próprio mundo. marginal. é lá que vai ficar, onde terá todo o destaque que acho que merece. onde o possamos olhar e admirar. ali!

18.1.09

no life at all

domingo. este sim, tem nome de domingo. o quase verdadeiro. quase, porque não fiquei com o pijama vestido, pois tive de dar a volta com os cães. como me levantei do nhonhó, e saí à rua, tive obrigatoriamente de tomar banho, o que vem impossibilitar o verdadeiro domingo. não conzinhei! tomei um pequeno almoço às 15h30, o que me agradou! não vi televisão, claro, recuso-me a fazê-lo em casa há pelo menos 8 anos. ela está lá, mas sem a antena. só o dvd. como diz o iggy pop na banda sonora de arizona dream "tv screen makes you feel small. no life at all". arrumei algumas tralhas que estavam por aqui perdidas, que também faz parte, mas não aspirei a casa, limpei o pó ou dobrei meias. liguei o aquecedor a gás. acabou o gás. tirei a botija do esquentador e troquei. quentinho. domingo quentinho! uso a sala. raramente o faço. adoro cozinhas! peguei no computador e falei com a tanya. adorei "falar" com ela! ouço a chuva a cair lá fora e só o facto do sporting jogar e dar na televisão (não tenho antena) e não querer que os meus cães se urinem contra as paredes, me pode fazer sair de casa. vai estar frio lá fora. está. daqui a nada vou jantar. cozinhar! coisa que adoro fazer e faz parte, claro está, do domingo! depois tenho de tomar uma grande decisão: ou vou ao cineclube à pala ver um filme dos irmãos cohen, ou vou para a cama às nove da noite, ler e estarrecer, à espera que as costas me comecem a doer de tanto tempo deitado. dormir doze horas e acordar remelado. abrir a boca, sentir um bafo no ar, misto de frio e mau hálito e pensar...hoje só trabalho à tarde! virar-me para o outro lado e pensar que quero que continue a ser domingo!

acordar tarde! aquecedor! futebol! estarrecer! - não me sentia domingueiro há já muito tempo! e não adoro, mas hoje é domingo e, claro está, não há nada para fazer.

16.1.09

15 de janeiro

um dia normal.

deitei-me tarde e a más horas (adoro a expressão, embora não compreenda o que são más horas). dormi pouco e mal. acordei tarde. muito tarde. cheguei duas horas atrasado ao teatro, coisa que nunca havia acontecido. foi descontado (será?) uma hora e meia de trabalho do meu ordenado. fui a pé, quando geralmente utilizo a bicicleta. depois de tantos dias de sol e neve, frio e vento, choveu. detesto chuva. estavam cinzentas, as pessoas. o céu sem cor estava cinzento. não tomei o pequeno almoço. comi um doce dos açores pelo caminho, com manteiga de soja. fiz a tabela de fevereiro. estava frio no palco. está sempre. almocei fora. discuti o horário semanal. comi bolo porque alguém fazia anos. não bebi champanhe. destesto. despedi-me do emprego. falei com pessoas sobre isso, porque como humano, sinto sempre uma necessidade imensa de me justificar seja a quem for, seja que decisão. era noite quando saí. tem sido sempre noite nestes últimos tempos, quando saio. frio. outra conversa séria me esperava. esta bem mais séria. fiquei triste, sem saber o que fazer, o que dizer. voltei a casa tarde. triste. peguei nos meus filhotes e atirei-me à rua fria, onde caminhei até conseguir enviar um total de vinte e três mensagens para a mesma pessoa. triste. de volta ao meu lar, cozinhei. era tarde. frio. triste. jantei. li mails. respondi a mensagens. escrevi mensagens. respondi. enviei. respondi. li. enviei. respondi. triste. volto à rua. preciso de frio. de escuro. o céu já não tem cor. a minha namorada pintou os olhos - contou-me. dir-se-ia que vai sair. já viu o mesmo espectáculo 3 vezes e não se cansa. no entanto acredito que desta vez, foi a que menos lhe custou. quem espera... deito-me com a sensação de não ter cumprido a minha missão diária. pensar em mim. espero adormecer rápido. calmo. ouço a banda sonora do filme exils. espero esquecer que o dia de hoje, foi.

salvo raras excepções, foi um dia normal!

6.1.09

eis-me em películas

breaking the waves - lars von trier; dogville - lars von trier; la grande bouffe - marco ferreri; the others - alejandro aménabar; in the mood for love - wong kar-wai; gadjo dilo - tony gatlif; exils - tony gatlif; lost in translation - sofia coppola; brutti, sporchi e cattivi - ettore scola; underground - emir kusturika; head on - fatih akin; before sunrise - richard linklater; before sunset - richard linklater; big fish - tim burton; paris, texas - wim wenders; blanc - Krzysztof Kieslowski

eis-me em filmes! acrescento à medida do que a minha memória permite! estes, por enquanto.

eis-me em sons

serge gainsbourg, múm, susanna and the magical orchestra, jane birkin, the divine comedy, au revoir simone, joan as a police woman, micah p. hinson, olivia ruiz, wax taylor, três tristes tigres, antony and the jonhsons, jay-jay johanson, lhasa de sela, camille, ms john soda, feist, beirut, dani siciliano, tom waits, emiliana torrini, jeanne cherhal

eis-me em música. o que faltar aqui, só a razão de não me lembrar o pode justificar. mais nada admito. eis-me aqui. nudez musical. eis-me!

5.1.09

dilatações cerebrais

ando com um vazio oco que não me deixa raciocinar. oco...co...co...co...não sei se é ressonância ou eco...co...co...co...sei é que não me deixa raciocinar. vou de casa para o trabalho. do trabalho para casa. volta com os cães. faço sopa. tens de comer nabo, abóbora e chuchu...chu...chu...chu. faz bem à saude e como és vegetariano, complementa umas cenas quaisquer que não te vais lembrar daqui a 10 minutos, mas fixam-se lá, onde são mais precisas. teclo um bocado. está um frio de rachar. a minha casa está rachada pelo frio. e racha-me...me...me...me. como sopa. chuchu! tiro pêlos do chuchu da boca, porque não o depilei antes de entrar na panela. detesto pêlos, ainda mais no chuchu. são pêlos verdes. a minha cadela olha para mim com um olhar que me dá a impressão que foi separada à nascença da irmã lúcia, so lhe faltando mesmo os óculos. mete dó. o cão não, é homem, não me olha com olhos de joaquim, preferindo no entanto deitar-se frente ao aquecedor de 400w que faço questão de ligar, convencendo-me a cada vez que o ligo, de que a cozinha fica mais quente. não utilizo a sala. quando tiver uma casa - adoro dizer isto, faz-me crer que vou crescer - faço duas cozinhas. imagino o que estará neste momento a fazer a tanya a 550km de distância..ância...ância...ância. arrumo a cozinha - dir-me-ia se falasse comigo - ou arrumo os chás, o esparguete e os arrozes - talvez. olho para uma laranja e apetece-me comê-la, mas a única coisa que faço é coçar o nariz e lembrar-me que amanhã vou dar a volta com os cães, vai estar um frio de rachar e logo depois e durante o frio ainda, vou trabalhar. o telemóvel acabou de carregar. um apito ouviu-se...se...se...se. é ele, o telemóvel carregado. estivesse eu nas canárias, andaria de calções. como invejo o saramago. a tostar, o saramago. a escrever, o saramago. a ser traduzido, o saramago. a ir-se, o saramago. nas canárias também se morre, mesmo que de calções. o saramago! laranjas. saramago. trabalho. casa. cães. sopa. as cortinas da cozinha que ainda não foram penduradas. estou ansioso por me ir embora. assim já não tenho que arrumar a casa. nem esta me vai rachar. e ainda por cima, talvez veja o saramago. de calções. calor. a máquina que voa...voa...voa...voa...

31.12.08

2000 e nove

escrever sobre a passagem do ano, não é uma coisa que me fascine ao ponto de perder tempo a pensar sobre o assunto e sobre o que vou esgravatar aqui numas linhas. no entanto, poderei tentar! tal como o natal, a passagem de ano não é uma data a que dê muita importância, embora confesse que dou bem mais do que ao nascimento do jesus. é um dia, usando o cliché, como todos os outros. acaba o dia, vem a noite, 5 4 3 2 1 pum pum pum, ano novo, beijos a quem não se conhece - tal como na igreja (sempre me questionei sobre o acto) ai bom ano, gosto muito de ti e de ti e de ti e de ti também, beijos, abraços, passas, umas que caem para o chão, outras para o bucho, a cueca azul (???), o saltar para cair com o pé direito, as lágrimas je ne sais pas pourquois, champomix, sumo de laranja, bolos hiper calóricos e por aí além, num sem fim de sequências normais e repetitivas ao longo dos anos...todos os anos. mas este ano - contam - é diferente. tem mais um segundo. e isto de ter mais um segundo - contam - é factor de mudança. no ano de 2005 - contam - também houve mais um segundo. na altura, lembro-me perfeitamente de ninguém ter dado importância a isso. não ouvi ninguém a contar 1 1 pum pum pum. parece-me estranho. 5 5 4...ok, 1 1 - não! não vejo a importância de tal acrescento..terá, com toda a certeza e se é certeza, é absoluta, mas para mim, não a vejo. o que acho que vai acontecer então, é entrar no ano novo primeiro que a maior parte das pessoas com quem vou ter o prazer de estar, porque elas vão contar o mesmo segundo duas vezes, de certeza...absoluta! eu, vou contar normal e chegarei primeiro que todos! este ano, vou estar por terras lusas. no ano passado, estava em itália. no anterior, em marrocos. há 4 anos, na índia. este ano, em portugal! vamos passar um tempo por cá, não sair muito, poupar dinheiro, descansar, porque daqui a uns meses, vamos estar muito tempo por fora...2009 para 2010 - ainda não sabemos, mas por aí!!!

18.12.08

18.12.2008

hoje sinto-me de ninguém. vagueio numa cidade que não é minha. como se alguma fosse. num dia frio, saiu à rua e encaro-me com pessoas das quais os sorrisos desconheço. é natal, contam. vê-se nas ruas. o espírito de natal, contam. as luzes piscam e não consigo deixar de pensar o que se poderia ajudar com todo o dinheiro que foi gasto. nas luzes. nas prendas. nos jantares. nas festas. nas roupas. o espírito de natal, contam. chego a casa e ouço-a vazia, não fossem os meus cães, que não sabem o que é isto do natal, sentiria também o cheiro a vazio. subo os dois andares e a casa está fria. acendo as luzes. a casa está fria. não aguento estar aqui sozinho - penso - mais vale piscar o olho a sorrisos que desconheço. saimos para a rua e vagueamos. esta cidade não é nossa. nunca foi. a noite acalma. caminho lentamente e observo a vida desta cidade que não é minha. não pertenço a cidade alguma. andei sempre a saltar dum lado para o outro. em busca da não monotonia. em busca de palavras que não conhecesse. sempre. conheço isto e aquilo. este e aquele. mas ninguém em especial. conheço tudo tão vagamente que não sinto minha nenhuma cidade. não sinto meu nenhum conhecido. hoje não me conheço. sinto-me de ninguém. o jantar está feito. tenho filmes para ver. livros. pessoas a quem telefonar a dizer que lhes sinto a falta. que as sinto. que sem ela, esta casa é um vazio imenso. custa-me sorrir mais do que este franzir de tristeza. não luto por nada, hoje. deixo que as coisas aconteçam. que venham. escrevo para não esquecer que hoje sou ninguém. hoje. vai custar-me adormecer, disso tenho a certeza.

o informador

confrontei-me outro dia com uma situação que já vinha a reparar e a analisar há uns anos. não sei se já repararam alguma vez naquelas pessoas que se entregam à arte do bem informar, sejam direcções, sejam pessoas, hotéis, restaurantes...ele há tanta coisa para informar, e ao facto destes, muitas vezes, serem abordados por pessoas estrangeiras. tudo possível, até ao momento em que estes, os informadores, reparam que será complicado comunicar, já que não parlam nada de...estrangeiro, essa língua tão incompreensível. aí, nesse preciso momento, para quem está a assistir de longe, torna-se hilariante! para o que vem perguntar, um embaraço. para quem informa, um desafio! e então o tom de voz começa a aumentar, cada vez mais, até chegar ao grito! é que estas pessoas, são como aquele senhor que viajou até aos estados unidos e, ao entrar num táxi, falando muito lentamente português diz: le ve me à quin ta a ve ni da. pelo que o senhor do táxi responde: es tá com pre ssa? e ele diz: não. mas di ga me. o se nhor fa la por tu guês? e o taxista responde: sim! - ao que o homem responde: en tão pa ra que é que es ta mos aqui a fa lar a me ri ca no? a mesma situação se passa com o informador, qual comando sem pilhas que premimos com força, como se isso mudasse de canal. o informador fala alto, aos berros! apanhei outro dia uma situação destas na rua e o meia idade francês - sim, era francês - teve o azar de questionar um senhor de outra meia idade (sim, porque os de meia idade nunca perguntam a jovens, pois acham que nunca sabem nada) onde era uma pousada onde desejava ficar. o informador, reparando que nada percebia de estrangeiro, começa a falar tão alto, que toda a gente num raio de 100 metros, olhava para os dois. era o homem, a plenos pulmões, a indicar em português, ao meia idade francês, onde ficava o sítio que este queria. o francês nada percebia. o português nada falava. o problema destes senhores, é que rondam a rua em busca de pessoas desinformadas, assim como os engraxa esquinas (um ser que falarei noutro post) e que, quando encontram um, a vítima passa a saber não só onde fica o sítio que perguntou, mas também há quanto tempo este sítio existe, a sua história, quantas vezes é que o informador lá foi com a família, bem como outros espaços que, percebendo a ligação que poderão ter ao sítio questionado, o meia idade informa que, também, será necessário visitar! lindo! no fim, o francês dá meia volta dizendo obrigado, com um esforço enorme, pois só sabe dizer isso e bacalau, além das dificuldades em perceber em que situação deve aplicar qual, mete-se no carro e vai à sua vida, parando, quem sabe, 100 metros mais à frente onde outro meia idade gritará! o informador, esse, limpará o suor, gabar-se-á nos próximos 245 minutos de ter falado estrangeiro e rondará as praças principais, à espera que outra vítima apareça ou então, que um engraxa esquinas o convide para o seu canto! enfim...

12.12.08

isenção de opinião

são 23h13. estou no teatro, mas não estou a fazer absolutamente nada. nada. nada. aliás, entrei hoje às 20h30 e, até agora, não fiz absolutamente nada. nada. nada. se eu trabalhasse realmente com isenção de horário, em que poderia gerir as minhas horas e o meu trabalho, como o meu contrato diz, já me tinha posto na alheta, sim, porque tenho até agora, desde janeiro, cento e muitas horas a mais do que aquelas que deveria realmente dar. e perguntam-me vocês...e quando as vais gozar? e quando é que te pagam essas horas que fizeste a mais? a minha resposta é uma: nunca! não me pagam, nem me dão, porque acham que, trabalhando com isenção de horário, não o têm de fazer. mas esperem aí, então se trabalhasse mesmo com isenção de horário, poderia ir embora e gerir o meu trabalho! não, errado...ou certo...mas errado aqui! a isenção de horário aqui, além de não nos permitir gerir o tempo e o trabalho, obriga-nos a cumprir um horário fixo (leram alguma contradição?) ou então somos descontados no salário, mesmo quando temos cento e tal horas a mais, até agora! de rir. estou agora a discutir, outra vez, isso com uma colega de trabalho. isto não pode ser. vou embora.

8.12.08

duas questõe sobre o inexplicável

hoje deu-me para se me colocar duas questões sobre isto de se ser (eu não) cristão.

uma - nunca compreendi muito bem isto dos 10 mandamentos. haverá alguém que os siga? e se não existir ninguém, quererá isso dizer que não existem cristãos?
1º - adorar a deus e amá-lo sobre todas as coisas (não me venham com histórias, só se lembram dele quando o dinheiro falta ao fim do mês, batem com o carro ou chegam a fátima, depois de 300km a pé, sem terem sido atropelados por nenhum camionista que também ia para fátima, mas com...o diabo!)
2º - não invocar o nome de deus em vão (haveria mil e duas coisas para o exemplificar, mas posso ir pelo mais fácil. oh sim...sim...oh meu deus...hum...sim...ai meu deus...isto é bom de mais...sim sim sim...mais...força...ai meu deus...deeeeeuus...)
3º - santificar os domingos e festas de guarda (sim, são sagradinhos, a ver a bola na talevisão, a comer frangos de churrasco e a beber tintol, e fazer concursos de peidos e arrotos, a dormir dentro do carro frente à praia...sagradinho!)
4º - honrar pai e mãe (os meus, não os dos outros, esses coitados, que os filhos conduzem mal como a merda e tenho que lhes chamar filhos duma grandessíssima pu..., quando fazem o pisca para o lado errado)
5º - não matar (este é, sem dúvida, o que mais admiro nos cristãos. não matar, mas é pessoas, agora o resto sim, pode-se matar tudo. o raio da mosca, o bife de vaca, a pescadinha de rabo na boca, as formigas. mas onde está no mandamento o asterísco no fim, que nunca o consegui ver, que explica depois em nota abaixo que o não matarás, se refere só a pessoas? é só a interpretação que interessa, ou eu nunca percebi...alguém me explique?)
6º - não pecar contra a castidade (castidade, em relação a quê? não será isto um mandamento exigente de mais?)
7º - não roubar (se em alguns lugares aparece o não roubar, noutros aparece - não furtar - será que os cristãos ainda não perceberam, primeiro que tudo, que roubar e furtar, são duas coisas diferentes? uma, o roubo, implica agressão. outra, o furto, decorre de forma pacífica! no entanto, os dois tiram e, sinceramente, se não pegar no facto de todos fazerem pirataria, de já todos terem saído dum café sem pagar, de todos já terem trazido alguma vez coisas da empresa para casa, então admito que, neste mandamento, todos são cristãos aplicados!)
8º - não levantar falso testemunho (não sei o que dizer sobre isto. não percebo o que é isto de levantar falso testemunho, porque nunca vi alguém insinuar algo sobre outro pobre coitado, ou acusá-lo de alguma coisa, mesmo que não o tenha feito. só se este mandamento tiver só mesmo a ver com os atletas de 400 metros estafetas, quando passam o testemunho ao outro e este, em vez dos supostos mais de 50 gramas, pesam 35...malandros)
9º - não desejar a mulher do próximo (ah aha ah...não vou comentar)
10º - não cobiçar as coisas alheias (infelizmente, a educação contra a cobiça e a inveja, não é uma coisa trabalhada pelos pais desde cedo. o que fazem é, na maior parte das vezes, o contrário, muito por culpa do seu exemplo)

duas - como é que o padre victor milícias, sendo um padre franciscano que, como todos sabem, são seguidores de são francisco de assis, defensor dos animais e da natureza, é um apoiante convicto de touradas? será pela mesma razão que levou o bibi a ter trabalhado na casa pia, por gostar muito de crianças?

5.12.08

corpo desumano

o corpo humano é um elemento muito complexo que não imagino quem foi que o pensou, se é que alguém o imaginou, pois de deus não espero nada e da ciência, só ainda me conseguiram provar muito pouco. há, no entanto, neste tão nosso complexo corpo, uma parte que julgo ter sido muito mal pensada. demasiado mal pensado, arrisco dizer. falo dos braços e dos sítios onde estes encaixam. não faz sentido. deveríamos ter, em vez de dois membros ligados, cada um a um extremo do corpo, uma calha, onde, tal e qual um cortinado, os braços deslizassem dum lado ao outro do corpo, pela frente ou por trás, conforme a necessidade de cada um. tentarei explicar com um exemplo muito banal, mas que é o melhor para este caso.

dois seres encontram-se deitados de lado num espaço - cama, chão, sofá, areia - virados frente a frente. um dos braços, fica por cima, o outro, em baixo. imagine-se agora que estes dois seres se decidem abraçar. agora é tudo uma questão de esperteza! o primeiro a levar a iniciativa em frente, passará o braço de baixo por debaixo do pescoço do outro ser, agarrando-o assim num abraço terno! o outro, que foi mais lento, ficará com o braço de cima por cima do ser que o agarrou...mas e o outro braço? onde fica? amigos, para sempre colado ao solo, à areia, à cama! não tem como se movimentar, é ridículo. mexe somente a mão ou, no máximo, a parte do cotovelo para baixo, mais nada. e ficamos ali, impotentes no abraço, porque, como o corpo foi mal pensado, não podemos juntar um braço ao outro, na mesma extremidade e agarrar em dupla força aquele ser que nos abraçou! o corpo humano, chega-se então à conclusão, é mal pensado! reenvente-se!

4.12.08

eduardo prado coelho fez-me escrever

numa mensagem, que já deve ter rodado meio milhão de país e sido reencaminhado para outro milhão, com um orgulho descomunal, um texto de eduardo prado coelho abre-se a nossos olhos. o texto fala, como já devem saber, do que é ser português, basicamente. da chico-espertice. o texto agrada-me, a mim pessoa particular, pois penso exactamente como o senhor, apesar de achar que chego ao fim do dia e, olhando-me ao espelho, não vejo um chico esperto.

acho piada, a máxima, esta mensagem ser-me enviada por as mais diversas pessoas, dos mais diversos pontos do país. ser colocada em sites, blogs, jornais, pelas mais variadas pessoas, nos mais diversos pontos do país. com um orgulho descomunal! como uma mensagem ao outro dizendo: vê lá se pensas e deixas de te armar em chico-esperto. és tu que fazes com que este país esteja uma merda. brincadeira de mau gosto, só pode ser! analiso algumas pessoas que fizeram isso, e reparo que elas mesmas, ou não compreendem o texto, ou acharam que ler ou ter um texto do eduardo prado coelho, era uma coisa deveras intelectual, ou então, são estúpidas e continuam a fomentar o chico-espertismo, qual durão barroso que, depois de ter sido questionado acerca da poluição que o seu jipe topo de gama fazia, quando andava a tentar convencer o povo a poluir menos disse: olha para o que eu digo, não para o que eu faço! lindo, exemplar, pedagógico!

eu próprio, não posso dizer que contribua para este chico-espertismo. não contribuo. se há coisa pela qual me oriento, é pela ética. sempre o fiz, continuo a fazê-lo. a ética faz parte da minha vida. estudo ética. leio sobre ética. penso-a. imagino-a. desejo-a. sou um ser com ética. diz o dicionário que ética, "é aquilo que é bom para o indivíduo e para a sociedade". chego à conclusão então, que de ética, o normal português, tem muito pouco. penso por vezes no egoísmo das pessoas e penso que muitas vezes, viveria talvez muito melhor, se fosse também eu um pouco egoísta. mas não viveria mais feliz! mas eu sou feliz! sou feliz, porque não penso só em mim quando faço alguma coisa. nunca em mim primeiro. como serei eu capaz de comprar uma coisa, sem pensar no que esta compra pode afectar? como poderei eu comer uma coisa, sem pensar no que isto pode causar? como poderei eu decidir uma coisa, sem pensar no que esta decisão pode fazer no outro?

leio neste momento um livro dum autor que é um dos meus gurus: peter singer. intitula-se "um só mundo - a ética da globalização" e fala, como se pode perceber, da globalização. mas o que é isto de um só mundo, o que é isto da globalização? dum livro com 280 páginas, uma frase pode ser retirada: é a preocupação com o outro e ter consciência do efeito borboleta (deixem-me usar um cliché). um abanar de asas duma borboleta em portugal, pode causar um ciclone no japão.

o que não compreendo muitas vezes, são as pessoas que reclamam por tudo e por nada. ou porque têm a mais e não conseguem vender, ou porque têm a menos e não têm o que vender. é reclamarem sem terem consciência do que pedem, sem terem consciência que são, também eles, os causadores de tantos males.

lembro-me há dois anos de uma grande polémica em portugal, quando um grupo de "vândalos" (utilizando a expressão da maior parte das pessoas) entrou num campo cultivado com milho transgénico no algarve e destruiu parte dele. morte aos terroristas, gritava-se. destruiram parte da plantação, meio de sustento do "pobre" agricultor que, mesmo fazendo um cultivo proibido naquela área do país, teve uma grande despesa. a revolta cresceu dentro de mim. as mesmas pessoas que gritavam palavras de ataque a este grupo de pessoas, são as mesmas que, com todo o direito, fazem o mesmo, sem terem consciência disso. se a destruição do milho se tratou de um acto que prejudica o rendimento de outro, o que significa então a pirataria? gravar cd's, dvd's, fotocopiar? não será, também esta, prejudicar o rendimento do outro? ah, claro que não! porque não é nosso, porque não somos nós os artistas, porque não somos nós os actores deste filme, porque senão, seria exactamente a mesma coisa!

as ruas parecem rios quando chove, os esgotos estão todos entupidos. e vejamos, a grande parte das pessoas que o reclama, são os fumadores que, após terminarem de poluir o ar, acham-se no direito de atirar a beata para o chão...entupindo assim os esgotos!

nesta altura de natal, enviam-se centenas de mails com imagens de animais que sofrem, que são maltratados, que são assassinados. as palavras de ordem são sempre as mesmas...se tiver coragem, olhe para estas imagens. mas as pessoas não é que não tenham coragem. as pessoas são é cobardes. como posso eu aceitar um mail destes, sem ter vontade de insultar alguém, enviado por uma pessoa que no natal se senta à mesa de jantar para devorar um grande peru? que oferece fois gras a um amigo? que leva os filhos ao circo no natal? que compra uma mala em pele (será que as pessoas têm consciência que pele é mesmo pele?) de presente? que compra um casaco de vison para ir aquela festa? como posso eu aceitar isto de bom grado? as pessoas não podem ser normais, só assim faz sentido!

como posso eu continuar a consumir carne de animais, quando sei que milhares de florestas tropicais são destruídas para se fazerem campos de cultivo para os alimentar? quando sei que as suas fezes, são o maior culpado do desaparecimento da camada de ozono da atmosfera? quando sei as doenças que todos os produtos que os fazem ingerir, provocam na saúde humana e que, mais tarde, o estado (que naquela altura estará nas mãos doutras pessoas e que mesmo assim, o português reclamará) gastará milhares em saúde, para curar ou tentar curar estas doenças, quando poderia este dinheiro ser gasto em coisas bem mais essenciais, como a formação, a cultura, o desenvolvimento variado?

como posso eu gastar centenas de contos em prendas de natal, em carros, em casas, em férias, em bebidas, em droga, em bens fúteis, sem pensar nos que morrem sem ter com o que sobreviver? como sou capaz? não sou. mas as pessoas que me enviam mails com fotografias de países em guerra, de países com crises de fome, sim, esses são capazes de desperdiçar tudo o que têm, de se enterrar em despesas, para satisfazerem a sua fome consumista.

como posso eu demorar-me 10 minutos num banho de água quente, quando sei que a água é um bem esgotável? não é não posso. é, não devo. sabia-me tão bem, confesso mas...e os outros, os que não têm? as pessoas que o fazem, de certeza que nuca passaram (e acreditem que isto não é nada, em comparação ao que vi) pela necessidade de ter água potável, como eu tive quando estava na índia e ter que fazer quase 3 horas de autocarro para conseguir água que se pudesse beber. mesmo não sendo isto um sacrifício, tive noção do problema com que nos deparamos.

como podem as pessoas, voltando agora atrás, estar contra um grupo de "vândalos" que se entrega para nos defender? para chamar a atenção para problemas que, não fossem eles, não estavam a ser debatidos agora. como é que a comunicação social não diz que muitas regiões no algarve, são agora proibidas ao cultivo de transgénicos? como é que estes não dizem que a maior parte da europa se debate agora contra o seu cultivo? não interessa. não vende. as empresas não pagam para se dar esta notícia. para se fazerem reportagens sobre.

decido-me a parar por aqui, pois é assunto que não tem fim. talvez porque tivesse acordado mal disposto, senti que esta má disposição poderia ser transformada em informção positiva...pelo menos isso. sou um ser com ética e só assim a minha vida faz sentido. doutra maneira, seria um ser banal, como todos, e andaria a criticar o governo e a dizer que portugal é um país de chico espertos...sem olhar para mim próprio. finalizo com a última frase do eduardo prado coelho:

"e você, o que pensa?...medite!"

ode ao não ser

hoje acordei mal disposto, porque ontem adormeci mal disposto. ontem adormeci muito mal disposto. a ausência de pessoas deixam-me mal disposto. a total ausência por desleixo, vontade ou simplesmente por despreocupação, causa-me irritação interna, daquela que não se pode coçar, nem passar pomada. nem o fresco que se fez sentir de manhã, mal me levantei da cama, curou esta minha má disposição, e arrisco dizer que a agravou. a ausência de palavras deixa-me triste. a distância, já não me deixa bem, então a ausência deixa-me de rastos. a ausência de atitude. a ausência de presença. a não presença. a inexistência. o não dizer que se está vivo. que se vive. que se lê. que se ouve. o não estar. o desaparecer por longos momentos. não estou? não estou? não estou? estou mal disposto e vir trabalhar agrava. muito. não querer fazer nada. sentir-me distante. segundo. outro. alternativo. nem o fresco da manhã fez desaparecer esta sensação de vazio. não estou. não sou. não.

3.12.08

a parte mais bonita do meu mundo!

quando olho para ti, não vejo só uma namorada, isso seria igual a nada. quando olho para ti, vejo vida, vejo a pessoa de quem eu mais gosto, por quem mais admiração tenho e com quem quero passar os melhores momentos! tu és uma pessoa linda! olhar para ti, dá prazer! não escondo que me orgulho de todos os olhos que te observam a qualquer lado que vás. seria estúpido pensar que não chamas a atenção, que não comentam sobre ti, que não desejem olhar-te mais uma vez e outra vez mais! seria irreal da minha parte pensar, que uma pessoa tão bonita, passasse despercebida. a forma como te vestes, como sorris, como falas, como atrais as pessoas para ti, as tuas gaffes, a tua naturalidade, é uma coisa nata e que não deves mudar. sabe bem estar ao teu lado! sentir-te perto! ter-te ali quando é preciso! enche-me de coisas boas! enche as pessoas de risos, de simpatia, de descontração, de prazer! serias uma pessoa fútil e desinteressante, se o teu objectivo fosse ter mais, possuir mais, querer mais. tudo só para ti. se fizesses por isso. mas conheço-te tão bem, que sei que nunca foi esse a tua intenção. a maneira como cativas as pessoas, é natural, não precisas de fazer por isso. não precisas de seduzir, de provocar, de te deixar levar. não precisas de competir. a competição serve só para aqueles que desconhecem as suas capacidades e eu sei que tu te conheces bem demais e sabes muito bem quais são as tuas! não deixes de ser como és! linda! não vivas de coisas efémeras, de momentos, de pessoas aqui e ali, de ideias da moda, de pensamentos repentinos. vive de ideais, de pessoas verdadeiras, de vidas eternas, de amizades sentidas, de olhares permanentes, do meu amor! vive contigo, orgulha-te de ti, sente-te, inveja-te a ti mesma, seduz-te, provoca-te, ama-te! sê narcisista, porque tens tudo para o poder ser!

o que te posso dar, é um pouco da minha vida. o pouco que quiseres aproveitar. se isso te servir, guarda-o em ti! não vou deixar nunca de te querer mais, de lutar por ti, de te desejar mais e mais! porque sei que és sincera e verdadeira e conheço-te o carinho, a amizade, a admiração e o amor que me sentes. e acredita, não o vou desperdiçar!

o mundo gira à tua volta? é natural! és linda!!!

amo-te, meu amor!


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todas as fotografias aqui editadas são da minha autoria. nenhuma destas imagens poderá ser utilizada sem o meu consentimento prévio.

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